A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Muriaé, Minas Gerais, foi palco de uma situação delicada envolvendo uma vítima de violência doméstica e uma delegada de polícia. A vítima, que já havia sobrevivido a casos anteriores de violência, foi até a delegacia para registrar uma queixa contra o ex-namorado, que a havia ameaçado de dopá-la com uma substância conhecida como “boa noite, Cinderela“.
Ao se deparar com a situação, a delegada Natália Santos Magalhães, responsável pelo atendimento, negou o pedido de medida protetiva da vítima, alegando que não queria “lotar o Judiciário”. Além disso, a delegada minimizou a gravidade do uso da substância, questionando se ela realmente se tratava de uma droga e sugerindo que o ex-namorado havia colocado algo na bebida da vítima apenas para deixá-la “alegrinha”, utilizando o termo “boa noite, Cinderela”. As conversas entre o agressor e seus amigos foram reveladas pelo Intercept Brasil.
As conversas, no entanto, não pararam por aí. Um dos amigos do agressor fez alusão a um estupro contra a vítima, afirmando que “contra a vontade que é gostoso” e que “faz ela ficar pensando o resto da semana”. Quando a vítima descobriu as mensagens, o ex-namorado e o amigo foram até a casa dela para ameaçá-la a fim de que apagasse as mensagens.
A conduta da delegada pode ser considerada negligente e desrespeitosa com a vítima, que procurou ajuda e proteção após sofrer violência e ameaças. A atitude minimizadora da delegada em relação ao uso da substância “boa noite, Cinderela” pode desencorajar outras vítimas a denunciarem casos semelhantes e buscar ajuda. Confira o áudio da conversa.