A Casa Ilê Asé Omin Yemonjá Ogunté, localizada em Planaltina, no Distrito Federal, foi invadida por policiais militares na última terça-feira (23). Os agentes perseguiam um suspeito de tráfico de drogas que entrou no terreiro buscando refúgio. Vídeos nas redes sociais mostram o suspeito já algemado, com ferimentos na cabeça, quando entrou na casa, seguido pelos policiais que pularam o muro.
De acordo com uma publicação da Casa nas redes sociais, os policiais agiram de forma agressiva, arrombando o portão e invadindo os quartos de santo. “Chamaram o nosso espaço sagrado de inferno”, relata a publicação. Pai Uanderson, líder religioso do terreiro, contou que estava iniciando seus trabalhos espirituais quando seu irmão, algemado e sangrando, foi jogado no chão pelos policiais. “O policial subiu em cima dele, e eu implorei para que parassem”, disse Pai Uanderson.
O líder religioso explicou que o suspeito é seu irmão, mas que ele não pertence à religião nem frequenta o terreiro. “Se errou, tem que pagar, mas espancar uma pessoa algemada no chão é inaceitável”, criticou. Pai Uanderson descreveu a invasão como uma profanação de seu templo e de sua fé. “Tinha mais de 15 policiais nos xingando de ‘desgraça’ e ‘inferno’, apontando armas para nós. Que humilhação!”, desabafou.
Os policiais acusaram os membros do terreiro de agressão e prenderam Pai Uanderson e seu filho, que foram levados à delegacia. “Gostaria de saber se teriam a mesma atitude se fosse uma igreja católica ou evangélica. Foi intolerância religiosa e racismo”, questionou o líder.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que a ação foi realizada pelo Grupo Tático Motociclístico (GTM-34) e que cerca de 20 moradores tentaram intervir na prisão do suspeito. “A ação foi controlada com a chegada de apoio policial, garantindo a segurança dos agentes”, declarou a PMDF. Pai Uanderson foi acusado de tentar obstruir a detenção.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF está acompanhando o caso. “É mais um exemplo de intolerância religiosa praticada por agentes do estado”, afirmou o deputado distrital Fábio Felix (Psol), presidente da CDH. Ele prometeu cobrar uma investigação rigorosa sobre a invasão ao terreiro e as agressões sofridas pelos candomblecistas.
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