Lauane da Silva, de apenas três anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (6) no Hospital de Urgência de Teresina. A criança estava internada desde o dia 1º de janeiro, após consumir um baião de dois contaminado com veneno organofosforado, identificado como “terbufós”. Outras oito pessoas da família também ingeriram o alimento, incluindo o irmão e o tio de Lauane, que não resistiram.
A mãe de Lauane, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, e uma irmã de quatro anos continuam hospitalizadas. Francisca está internada no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, enquanto a criança permanece no hospital de Teresina. Outras quatro pessoas da família, que também foram hospitalizadas, já receberam alta médica.
De acordo com o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), o veneno foi misturado ao baião de dois preparado pela família na noite de Réveillon, em 31 de dezembro. Durante a ceia, que incluiu carne, feijão tropeiro e baião de dois, todos consumiram o prato e passaram bem. No entanto, o alimento foi guardado e, no dia seguinte, servido novamente no almoço, já acompanhado de peixes fritos que haviam sido doados por um casal da região.
Após o almoço, os familiares começaram a apresentar sintomas graves, como tremores, cólicas e crises convulsivas, típicos da intoxicação pelo “terbufós”. O delegado responsável pelo caso, Abimael Silva, informou que as investigações confirmaram que o veneno foi colocado no alimento apenas no dia 1º de janeiro, já que ninguém apresentou sintomas na ceia de Réveillon. “É impossível que a substância tenha ido parar lá sem intenção de alguém”, afirmou.
A polícia descartou a suspeita de contaminação dos peixes doados, já que análises periciais não identificaram nenhum vestígio de veneno nesse alimento. O “terbufós”, usado como inseticida e nematicida, afeta o sistema nervoso central, podendo causar sequelas neurológicas e, em casos graves, a morte.
O caso está sendo investigado como homicídio pela Polícia Civil do Piauí, que agora busca descobrir como e por quem o veneno foi inserido no arroz. A família já havia sofrido um caso semelhante em 2024, quando dois meninos de 7 e 8 anos, filhos de Francisca Maria, morreram após comer cajus envenenados. Na ocasião, uma vizinha foi condenada e está presa por duplo homicídio qualificado.
O delegado Abimael Silva reforçou que as investigações estão em andamento para identificar se o crime foi cometido por alguém da família ou por outra pessoa que teve acesso ao local. “No dia 31, a família comeu o baião de dois e ninguém passou mal. Apenas no dia 1º de janeiro começaram os sintomas”, explicou.