André Ataíde, estudante de medicina, foi liberado da prisão no Pará na sexta-feira (5) após ser detido sob suspeita de fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e realizar provas em nome de outros dois candidatos, também aprovados em medicina. Residente em Marabá, sudeste do estado, sua prisão ocorreu em Belém, no dia 29 de março, pela Polícia Federal, sob acusações de falsidade ideológica, uso de documento falso e estelionato, com agravante de ter sido cometido contra autarquia federal.
A investigação aponta Ataíde como responsável por realizar o Enem substituindo um parente em 2022 e um amigo em 2023, com indícios de falsificação de assinaturas nos cartões de resposta. Ambos os candidatos foram aprovados. Como condições para a revogação da prisão, determinou-se a proibição de Ataíde de contato com testemunhas e os outros envolvidos, uso da internet, exigindo-se também seu comparecimento mensal à 2ª Vara Federal para informar sobre suas atividades e comportamento social, proibição de sair do município por mais de oito dias sem notificação ao juízo, restrição de mudança de residência sem autorização judicial, obrigação de comparecimento a todos os atos processuais e recolhimento domiciliar noturno.
Ataíde, com histórico de boas notas, cursava medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA) em Marabá. A UEPA afastou temporariamente o estudante e outros envolvidos no esquema de fraude. Seu advogado, Diego Adriano Freires, após a liberação, foca em restaurar o direito de Ataíde de frequentar as aulas.
A operação da Polícia Federal, iniciada em fevereiro, incluiu três mandados de busca e apreensão, identificando não apenas fraudes no Enem, mas uma variedade de crimes durante a análise dos materiais apreendidos, incluindo falsificação de documentos e outros delitos não relacionados a crimes federais. A investigação prossegue para identificar possíveis outros beneficiados pelo esquema fraudulento, podendo resultar em acusações adicionais de falsidade ideológica e uso de documento falso entre os envolvidos.