Rosildo Gonçalo da Silva, de 56 anos, apontado como o principal suspeito de assassinar a própria esposa e as duas filhas adolescentes, foi morto nesta sexta-feira (18) em um confronto com a Polícia Militar. O crime aconteceu na cidade de Custódia, no Sertão de Pernambuco, na última terça-feira (15), quando os corpos da esposa, de 39 anos, e das filhas, de 13 e 14, foram encontrados dentro da casa da família.
A polícia iniciou uma intensa busca por Rosildo após o ocorrido, mobilizando mais de 70 policiais militares, incluindo o efetivo do 3º Batalhão e o Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI). Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), três delegados também foram designados exclusivamente para conduzir as investigações, além de uma campanha de colaboração para que a população fornecesse informações sobre o paradeiro do homem.
Rosildo foi localizado depois que populares o avistaram nas proximidades de um dos perímetros de bloqueio estabelecidos pela polícia. No momento da abordagem, ele estava armado com uma espingarda industrial calibre .28, além de carregar cartuchos .28 e .32 em uma sacola plástica. Ao perceber a presença policial, o suspeito resistiu e houve troca de tiros. Rosildo foi atingido e socorrido a uma unidade hospitalar, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
A Secretaria de Defesa Social do estado, por meio de sua secretária executiva, Dominique de Castro Oliveira, lamentou o desfecho violento, mas ressaltou a importância da denúncia como uma ferramenta crucial para a prevenção de feminicídios. “Nosso efetivo esteve diuturnamente empenhado nessa busca para prender o suspeito. Infelizmente, ele reagiu e veio a óbito. Mas o que precisamos destacar aqui é que as pessoas denunciem a violência contra a mulher e evitem que mais feminicídios aconteçam”, declarou.
O crime
As vítimas foram encontradas mortas dentro da casa, que apresentava sinais de incêndio. De acordo com os primeiros levantamentos da perícia, há indícios de que as vítimas tentaram fugir, já que estavam vestidas com roupas normais, como calças jeans, o que sugere que não estavam preparadas para dormir.
Embora os corpos não apresentassem perfurações visíveis de armas de fogo ou faca, os investigadores não descartam a possibilidade de esganamento, dado o estado em que os corpos foram encontrados. “Até o momento, a causa exata das mortes não foi determinada. Vizinhos afirmam ter ouvido gritos de socorro vindos das adolescentes, mas não da mãe, o que pode indicar que ela foi morta antes do incêndio”, relatou Dominique de Castro Oliveira. Segundo as investigações preliminares, familiares de Rosildo teriam recebido denúncias de abuso sexual cometidos por ele contra uma das filhas na noite anterior ao crime.
Durante as investigações, filhas adultas de Rosildo relataram à polícia que também foram vítimas de agressões e abusos durante o período em que conviveram com o pai. Esses relatos reforçam a hipótese de que a violência doméstica fazia parte da rotina familiar, e que o assassinato pode ter sido motivado pela tentativa da mãe de proteger as filhas e fugir da situação abusiva.
Um terceiro filho do casal, que não estava na residência no momento do crime, escapou por ter passado a noite fora. De acordo com a Secretaria de Defesa Social, esse filho poderá ficar sob a guarda dos avós paternos, embora a situação ainda esteja sendo avaliada pelas autoridades competentes.