As imagens das câmeras de segurança do prédio de Luis Felipe Manvailer e Tatiane Spitzner mostram quando o suspeito agrediu a esposa. Tatiana caiu do quarto andar do prédio onde morava em Guarapuava, no Paraná. O marido afirma que ela mesma pulou, mas para a polícia ele a esganou e depois a atirou pela sacada. Luís Felipe foi preso e autuado por feminicídio.
As imagens registraram momentos antes da queda da advogada. O casal chega de carro, onde já começam as agressões – uma câmera na frente gravou os dois dentro do veículo. Tatiane foi retirada do carro, na garagem, também sendo agredida, segundo a polícia. A advogada entra correndo no elevador, tentando fugir do marido, de acordo com os investigadores. Ele a segue e há novas agressões no elevador.
Depois da queda, a câmera registrou Luis Felipe descendo e subindo de novo pelo elevador – ele recolheu o corpo da advogada e a levou de volta para o apartamento, possivelmente já sem vida. Ele limpa o local. Depois, ele fugiu pela garagem, no carro da mulher. A Polícia Militar, acionada por vizinhos que ouviram parte da briga, chega no prédio, mas o suspeito vai embora por uma rua lateral.
Prisão e indiciamento
Depois de fugir, Manvailer se envolveu em um acidente na rodovia BR-277, na mesma manhã da morte da mulher, na altura de São Miguel do Iguaçu, a 340 km de Guarapuava. Para a polícia, ele fugia em direção ao Paraguai. Ele foi preso e no dia 31 de julho foi indiciado por homicídio qualificado, motivo torpe, uso de meio cruel que impossibilitou a defesa da vítima e condição do sexo feminino (feminicídio), além do furto do carro da vítima. Ele negou o crime desde o primeiro momento e afirmou que após a morte da mulher agiu em choque por vê-la pular da sacada. Manvailer é professor universitário de biologia. Ele e Tatiane eram casados desde 2013 e não tinham filhos.
O delegado do caso, Bruno Maciozeki, já havia afirmado antes da divulgação que as imagens de segurança mostram “agressões brutais e cruéis contra a vítima” no carro, garagem e, depois, muita agressividade no elevador. A situação continuou no apartamento do casal. Segundo o delegado, o professor imobilizou a esposa no sofá e só soltou depois que ela gritou por socorro. Ele diz que marcas “evidentes” no pescoço indicam que a advogada sofreu uma esganadura. Depois disso, Luis Felipe teria jogado a mulher pela sacada.
O delegado afirma ainda que a atitude do suspeito de voltar e limpar manchas no elevador e no hall tinham intuito claro de induzir os peritos e a justiça ao erro.
O professor nega o crime. Ele diz que os dois brigaram após sairem e afirma ter ficado traumatizado com a cena da mulher pulando. “Eu bati o carro porque, devido à situação, a imagem da minha esposa pulando a sacada não saía da minha cabeça”, disse Manvailer.
Na noite antes da morte, eles tinham saído com familiares para um bar celebrando o aniversário de Manvalier. Lá, os dois beberam e a briga começou, segundo testemunhas, depois que a advogada notou a mensagem de outra mulher no celular do marido. O irmão dela contou que Tatiane pensava em se divorciar. Mensagens mandadas para uma amiga mostravam o pânico da advogada ao falar do marido. A defesa dele afirmou que as mensagens estão descontextualizadas e não têm valor legal, já que o celular da amiga não foi periciado.