Incêndio em abrigo para crianças e adolescentes do Recife deixa 4 mortos e 15 feridos

Um incêndio ocorrido no Instituto de Caridade Lar Paulo de Tarso, localizado na zona sul do Recife (PE), na madrugada desta sexta-feira, 14, deixou ao menos quatro pessoas mortas e outras 15 feridas. O lar abriga crianças e adolescentes em situação de risco social.

Oito crianças e adolescentes foram internados em estado grave no Hospital da Restauração, com queimaduras internas nas vias aéreas e queimaduras externas na pele, devido à inalação de fumaça. Outras cinco pessoas, quatro crianças e um adulto, estão sob os cuidados do Hospital Geral de Areias.

Gezler Carlos, diretor administrativo da instituição, lamentou a morte de três crianças e de uma funcionária e pediu orações para os feridos. A funcionária que morreu foi identificada como Margareth da Silva, de 62 anos. O Lar Paulo de Tarso funciona há 30 anos no local e recebe crianças e adolescentes encaminhadas pelos conselhos tutelares e Juizado da Infância e Juventude.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a ocorrência foi registrada às 4h20, quando a corporação foi acionada para atendimento no local. Foram enviadas 12 viaturas com equipes de resgate, incêndio e salvamento para prestar socorro. A causa do incêndio ainda está sendo investigada pelas autoridades.

O major do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e supervisor de operações, Lamartine Melo, afirmou que a situação das crianças socorridas é grave. O médico Petrus Andrade, diretor-geral do Hospital da Restauração, destacou que as principais lesões apresentadas pelas vítimas foram queimaduras nas vias aéreas e inalação de fumaça.

O barbeiro Flávio Santos, morador próximo do abrigo, relatou que chegou ao local pouco depois das 3h, quando os vizinhos perceberam as chamas e acionaram os bombeiros. Ele contou que, junto com outros sete homens, tentou abrir caminho para o socorro às vítimas, forçando as grades do local. Flávio afirmou que foi um desespero muito grande ouvir as crianças chorando e gritando por socorro.

 “Minha esposa me acordou já chorando muito porque ouviu os gritos das crianças que estavam presas e das pessoas na rua. Eu saí correndo do jeito que estava. Todo mundo tentou ajudar. Pegamos barras de ferro, martelos, tudo o que a gente podia para arrombar as grades. Tentei subir pelo telhado para ver se conseguia pular tirando as telhas, mas estava muito quente e acabei queimando as mãos e os pés. Foi um desespero muito grande a gente ouvir as crianças chorando, gritando pedindo para não morrer. Tenho um filho de quatro anos e só pensava nele”, lamentou.

A tragédia chocou a comunidade local, e as autoridades estão investigando as causas do incêndio. A instituição oferece um lar a crianças e adolescentes encontradas em situação de risco social, como abandono, abuso sexual, negligência e maus tratos.

Imagem: Reprodução/Redes Sociais
A Funcionária Margareth Da Silva, De 62 Anos, Foi Uma Das Vítimas Do Incêndio – Imagem: Reprodução/Redes Sociais