‘Mais importante do que prender ratos mercenários é responder quem mandou matar’, diz viúva de Marielle

Viúva de Marielle, Mônica Benício foi avisada pelo Ministério Público instantes antes das prisões de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, denunciados nesta terça (12) pela morte da vereadora há quase um ano. “É óbvio que é um passo muito importante e faz com que a gente tenha novamente esperança de que essa investigação esteja caminhando. Mas um ano é um tempo demasiadamente longo para uma resposta que não é a gente busca”, disse, em entrevista à GloboNews.

“Mais importante do que prender ratos mercenários é a gente responder quem é o verdadeiro assassino disso tudo, quem mandou matar”, frisou.

Mônica espera não precisar aguardar mais um ano para chegar aos mandantes. “A gente chega a um ano de muita dor, muito sofrimento, muita luta. Mas essa é uma resposta que tinha que chegar; então, que bom que chegou”, ponderou.

A viúva comentou também a demora nas investigações. “Faz um ano que a minha vida pessoal está completamente parada, imersa nessa luta de justiça por Marielle”, lamentou. “Obviamente tivemos entraves de gente que não estava interessada em que esse assassinato seja elucidado”, destacou.

Ela também elogiou o trabalho do MP. “Minha última conversa foi com os promotores que estão hoje diante do caso. Foi uma conversa que acalentou e que deu alguma esperança de que estamos caminhando sobretudo na direção da resposta certa”, afirmou.

Prisões

Segundo informações obtidas, Ronnie e Élcio estavam saindo de suas casas quando foram presos. Eles não resistiram à prisão e nada disseram aos policiais.

Os policiais estavam de tocaia na porta do condomínio de Ronnie desde as 3h. Às 4h, quando ele saiu de casa, acabou sendo preso. Segundo os agentes da Divisão de Homicídios que participaram da prisão, por saber que os mandados geralmente são cumpridos às 6h, Lessa tentou sair de casa ainda de madrugada para dormir em outro lugar e escapar da polícia.

O PM reformado foi preso em sua casa em um condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. O ex-PM Élcio mora na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro, Zona Norte.

Crime planejado

Os presos foram levados à Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, por volta das 4h30. De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o crime foi meticulosamente planejado durante três meses.

A investigação aponta que o PM reformado Ronnie Lessa fez pesquisas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem ainda que, desde outubro de 2017, o policial também pesquisava a vida do deputado federal Marcelo Freixo.

Ronnie teria feito pesquisas sobre o então interventor na segurança pública do Rio, general Braga Netto, além de buscas sobre a submetralhadora MP5, que pode ter sido usada no crime.

A polícia afirma ainda que o PM usou uma espécie de “segunda pele” no dia do atentado. A malha que cobria os braços serviria, segundo as investigações, para dificultar um possível reconhecimento.