Uma adolescente de 14 anos, vítima de um estupro coletivo cometido por membros do exército russo, em Bucha, na Ucrânia, engravidou após os abusos, disse a psicóloga Oleksandra Kvitko, que contou a história à rádio Svoboda, com consentimento dos pais da garota. Ela trabalha na linha direta da ouvidoria para atendimento psicológico.
Nesta quinta-feira (28), a invasão da Ucrânia completa 64 dias, com o Ministério da Defesa da Ucrânia dizendo, em seu relatório, que as forças russas estão “aumentando o ritmo da operação ofensiva”.
Conforme a psicóloga, a família da vítima planeja manter a gestação após os médicos que a atenderam alertarem que um aborto agora poderia impedir que ela engravidasse no futuro.
No total, a psicóloga diz trabalhar atualmente com cinco adolescentes de 14 a 18 anos que engravidaram devido a estupros cometidos por soldados russos.
Diretora do Centro de Liberdades Civis da Ucrânia, Oleksandra Matviychuk, apontou nas redes sociais outro problema. Segundo ela, na Polônia, onde muitas ucranianas vão como refugiadas em meio ao conflito, a legislação sobre aborto é muito rígida.
“Mulheres ucranianas que foram estupradas por russos e deixadas na Polônia não podem fazer abortos lá. Sob a lei polonesa, o aborto é permitido em caso de estupro, mas ainda não há processo criminal. Psicólogos na Polônia estão convencendo-a de que uma nova vida é maravilhosa. Eles destroem a vida de ambos”, afirmou ela.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também relatou, em discurso ao Parlamento da Lituânia, que “centenas de casos de estupros foram registrados” desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro. Segundo Zelensky, entre as vítimas estão meninas adolescentes e crianças pequenas, além de um bebê.
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