Movimentos sociais realizam ato em Salvador por justiça para mulheres negras

Movimentos sociais organizam ato em Salvador no dia 26 de novembro, denunciando a violência contra mulheres negras e a omissão do Estado.

Foto: Divulgação

No dia 26 de novembro, às 9h, o Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, será o local de um ato público que visa expor a realidade da violência contra as mulheres no estado. A mobilização, que ocorrerá em frente à Governadoria, tem como objetivo criticar a inação do Estado em prevenir e punir essas violências, além de destacar a ineficácia do Sistema de Justiça.

A iniciativa é uma colaboração entre a Rede de Mulheres Negras do Nordeste e 14 organizações sociais da Bahia, integrando a Jornada Pela Vida das Mulheres Negras do Nordeste e a Semana Elitânia de Souza, que desde 2020 se dedica a combater a violência contra mulheres negras.

Dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) apontam que entre 2017 e 2023, houve 672 feminicídios no estado, com 92,6% dos casos sendo cometidos por parceiros íntimos. Em 2023, o número de casos subiu para 108, um crescimento de 0,9% em relação a 2022, sendo que 80% dos crimes ocorreram na residência das vítimas.

Iasmin Gonçalves, do projeto Quilomba – Pela Vida das Mulheres Negras, destaca que o ato busca respostas do governo sobre a violência enfrentada por mulheres negras. “A violência contra nós é uma questão que envolve racismo estrutural e desigualdade de gênero. Queremos dar voz aos 208 feminicídios registrados na Bahia entre 2023 e 2024 e exigir um sistema de justiça mais ágil e sensível às nossas realidades.”

Roseli Oliveira, mulher negra e feminista, critica a falta de ação do Estado na proteção das mulheres em situação de violência. “A cada dia, nos deparamos com notícias de violência e feminicídios. Estamos exaustas de lutar por justiça por nossas irmãs que tiveram suas vidas abruptamente interrompidas.” Ela ainda afirma que mudar leis para aumentar a penalização de agressores não é suficiente para resolver o problema. “Pedimos justiça para as que se foram, mas também exigimos que o Estado assuma suas responsabilidades.”