O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que recebeu até as 17h desta terça-feira (11) denúncias de 206 mulheres, por abusos, contra o médium João de Deus. Segundo balanço do órgão, existem vítimas de Goiás, Distrito Federal e mais oito estados, além de duas que vivem no exterior: uma nos EUA e outra na Suíça. A forma como serão colhidos os depoimentos, especificamente nestes dois casos, ainda está sendo definida.
A maioria dos contatos (156) foi feita por meio do email criado pela instituição exclusivamente para os casos relacionados ao médium – [email protected]. O endereço foi divulgado às 11h de segunda-feira (10). Ou seja, o número de relatos foi feito num período de 30 horas.
Além de mulheres de Goiás e Distrito Federal, também procuraram o MP outras residentes nos seguintes estados: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
O MP-GO explicou que as vítimas que residem em outros estados podem procurar os Ministérios Públicos locais para prestar depoimento. O material, posteriormente, será repassado para Goiás, onde foi criada uma força-tarefa com cinco promotores e dois psicológicos para cuidar do caso.
O órgão destacou que, além do email, possíveis vítimas também podem fazer denúncias pessoalmente, na sede do MP, ou pelos telefones (62) 3243-8051 e 3243-8052.
O advogado Alberto Toron, que defende o médium, afirmou que o cliente nega as acusações e que ele está à disposição da Justiça para esclarecimentos (veja íntegra do posicionamento da defesa no fim da reportagem).
O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
João de Deus nega acusações
O advogado Alberto Toron, que defende o médium, afirmou que o cliente nega as acusações e que ele está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
“Muito enfaticamente ele nega. Ele recebe com indignação a existência dessas declarações, mas o que eu quero esclarecer, que me parece importante, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse.
Além disso, o advogado esclareceu que o padrão de João de Deus era atender a todos em grupo. “Eventualmente atendeu alguma pessoa, alguma autoridade sozinho, isso é um episódio localizado. Mas pessoas, mulheres, crianças em geral, eram atendidas coletivamente diante de um grande número de pessoas”, continuou.
Por fim, disse que o cliente vai colaborar com as investigações. “Achamos que tudo isso deve ser objeto de uma investigação marcada pela seriedade e nós esperamos que isso aconteça para que a verdade venha à tona”, concluiu Toron.