Nesta segunda-feira (19/8), oito pessoas foram presas por conexão com o assassinato do cacique Lucas Santos de Oliveira, ocorrido em dezembro de 2023, no sul da Bahia. As detenções aconteceram durante a ‘Operação Para Raios’, realizada na cidade de Pau Brasil. Além das prisões, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão. As investigações indicam que Lucas Kariri-Sapuyá, como era conhecido o líder indígena de 31 anos, foi vítima de uma emboscada. Ele foi morto por dois homens armados que o atacaram enquanto ele trafegava de motocicleta em uma estrada de Pau Brasil.
De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos foram identificados e localizados após um trabalho minucioso de inteligência e operações táticas. Durante a ação, as autoridades apreenderam duas armas de fogo, 11 celulares, drogas, balanças de precisão e munições.
A operação contou com a participação de cerca de 200 policiais civis, sob a coordenação da Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF/Gemacau). Também participaram equipes do Departamento de Polícia do Interior (Depin), Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Departamento de Inteligência Policial (DIP), além da Corregedoria da Polícia Civil (Correpol) e da Coordenação de Polícia Interestadual (Polinter).
Relembrando o caso
Lucas Santos de Oliveira foi assassinado a tiros na tarde de 21 de dezembro de 2023, enquanto retornava para casa em sua motocicleta. Ele estava acompanhado de uma criança quando foi abordado e alvejado por dois homens que se aproximaram em outra moto na estrada que leva à Reserva Caramuru Paraguaçu, onde ele residia. A criança que estava com Lucas não foi ferida. Logo após o crime, representantes da Aldeia Caramuru Catarina Paraguaçu manifestaram nas redes sociais que acreditavam que o cacique havia sido alvo de uma emboscada, suspeitando que pistoleiros estivessem envolvidos.
Lucas Santos era um líder respeitado na comunidade indígena, pertencente à etnia Kariri-Sapuyá, mas atuava também junto ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe. Além de sua liderança na aldeia, ele era agente comunitário de saúde e conselheiro dos Povos Indígenas da Bahia e da Saúde Indígena Estadual.
“Lutador incansável pelos direitos indígenas e pelas terras tradicionais, Lucas era visto como um guerreiro na luta por saúde, educação e agricultura familiar”, disse Wilson de Jesus Souza, chefe da coordenação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Pau Brasil. Agnaldo Pataxó, integrante do movimento dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia, também ressaltou o compromisso de Lucas com a justiça e sua importância como líder.