O policial militar Roberto Costa Miranda, de 30 anos, foi preso na noite de segunda-feira (19), sob a acusação de ter assassinado o proprietário de um lava-jato, José Luiz Borges Santos, de 41 anos. O crime aconteceu em julho deste ano na cidade de Feira de Santana, localizada a 100 km de Salvador, e foi capturado por câmeras de segurança do estabelecimento.
Nas imagens, que são usadas pela Polícia Civil para a investigação, é possível ver José Luiz trabalhando ao lado de um funcionário quando foi surpreendido pelo ataque. Roberto Costa Miranda se apresentou voluntariamente à Corregedoria da Polícia Militar, onde foi detido e, atualmente, está preso no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador.
Em seu primeiro depoimento à Delegacia de Homicídios de Feira de Santana, o policial negou qualquer envolvimento no crime. No entanto, as investigações revelaram sua participação no ato, levando Roberto a retornar à delegacia, onde acabou confessando ser o autor dos disparos.
Com a finalização do inquérito e a coleta das provas necessárias, o caso foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). O órgão se manifestou favorável à prisão preventiva de Roberto Costa Miranda, que passou de suspeito a réu, respondendo por homicídio qualificado.
Detalhes do crime
O crime ocorreu por volta das 15h55 do dia 22 de julho, quando um homem de capacete, armado, entrou no lava-jato. José Luiz estava lavando um carro na área externa do local e, ao perceber a presença do agressor, tentou se refugiar no escritório, mas foi seguido e alvejado várias vezes. Ele morreu no local.
A esposa de José Luiz estava presente e chegou a implorar pela vida do marido, mas também foi ameaçada pelo atirador. “Ele apontou a arma para mim, e eu só consegui levantar as mãos e gritar, pedindo para ele não matar José Luiz”, relatou a mulher, que teve sua identidade preservada por questões de segurança.
Roberto Costa Miranda é membro da 22ª Companhia da PM, localizada em Valença, no baixo sul da Bahia. Além de policial, ele é advogado e estudante de medicina. No dia do crime, a Polícia Militar da Bahia emitiu uma nota informando que o caso seria investigado internamente, mas não revelou o nome do agente envolvido.
No dia 23 de julho, Roberto se apresentou à delegacia, acompanhado de dois advogados, e negou ser o autor do homicídio, alegando estar fora da cidade no momento do crime. Ele não foi preso naquela ocasião, pois não havia um mandado de prisão preventiva e o período de flagrante já havia expirado.
Entretanto, a Polícia Civil continuou as investigações, incluindo a análise de um par de tênis que Roberto usava quando foi à delegacia. As imagens das câmeras de segurança mostraram semelhanças entre o calçado dele e o do suspeito que aparece nas gravações do crime. Além disso, a polícia solicitou a arma do policial, mas ele afirmou que a pistola havia desaparecido cinco dias após seu depoimento.
Um familiar da vítima, que pediu para não ser identificado, revelou que a desavença entre José Luiz e Roberto começou algumas horas antes do crime, por volta do meio-dia. José Luiz descobriu que o policial havia mantido relações com sua filha, que atualmente tem 18 anos, mas era menor de idade na época dos fatos, o que gerou revolta no pai. Após ameaçar denunciar o policial à Corregedoria da PM, Roberto teria reagido de forma violenta, culminando no assassinato.
José Luiz deixou duas filhas, uma de 18 e outra de 11 anos, além da companheira.