Policial militar reformado é um dos suspeitos de assassinar indígena na Bahia

Policial e fazendeiro presos após violência em terra indígena, incluindo a morte da indígena Maria Fátima.

Um policial militar reformado e um fazendeiro estão sob custódia após serem detidos em flagrante pela suspeita de envolvimento no assassinato de Maria Fátima Muniz de Andrade, uma mulher indígena da etnia Pataxó, e na tentativa de homicídio contra Nailton Muniz Pataxó, cacique da mesma etnia. O crime ocorreu na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, localizada na zona rural de Potiraguá, no sul da Bahia.

De acordo com informações, o policial militar encontra-se preso no Batalhão da Polícia Militar de Itabuna, enquanto o fazendeiro está detido no Conjunto Penal de Vitória da Conquista. A situação desencadeou um pedido de reforço na segurança por parte das comunidades tradicionais, que ainda aguardam resposta.

Nailton Muniz Pataxó, ferido durante o ataque, foi hospitalizado no Hospital Cristo Redentor em Itapetinga, submetendo-se a uma cirurgia no rim. Posteriormente, foi transferido para outra unidade hospitalar, cujo nome não foi divulgado por razões de segurança. Outros indígenas feridos na ação, incluindo uma mulher com o braço quebrado, foram hospitalizados mas não correm risco de morte.

A ministra Sônia Guajajara liderou uma comissão que visitou a Bahia para acompanhar o caso, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou disposição para buscar uma solução pacífica para a disputa de terras que culminou no conflito. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) atribuiu o incidente à ação do Movimento Invasão Zero, enquanto o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) apontou a disputa de terras como causa do ataque.

O MPI detalhou que cerca de 200 ruralistas se organizaram através de um aplicativo de mensagens para reivindicar a posse da fazenda Inhuma, ocupada por indígenas. Durante o confronto, um indígena portando uma arma artesanal foi detido e um ruralista ferido com uma flechada. Quatro armas de fogo foram apreendidas com os fazendeiros e encaminhadas ao Departamento de Polícia Técnica (DPT).

O caso está sendo investigado pela delegacia de Itapetinga e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul). A SSP-BA determinou um reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região, visando garantir a segurança.