Produtores rurais de Porto Seguro e arredores, no sul da Bahia, vêm enfrentando um clima de insegurança nos últimos dias, devido a uma série de invasões de propriedades organizadas por indígenas.
Segundo o relato das vítimas, o grupo geralmente chega de madrugada e dá um ultimato para que o proprietário e os funcionários peguem alguns pertences e saiam do lugar.
Em entrevista nesta terça-feira (10), o produtor Marivaldo Almeida, dono de uma fazenda localizada na estrada de Parque Nacional do Descobrimento, em Prado, relatou que suas terras foram invadidas duas vezes em um curto período de tempo.
“Minha propriedade tem 48 hectares, tem plantação de café, pimenta e cacau, e outra parte de pecuária. Na primeira invasão, dia 28 de dezembro, chegaram quatro pessoas e saíram daqui com a promessa de que iam voltar e voltaram 30 homens armados. Liguei para as autoridades, mas nada foi feito. Alguns amigos foram lá e me ajudaram a retirar os equipamentos. Eles chegaram à noite e passaram a madrugada toda batendo tambor dentro de minha casa. Mandaram deixar a internet e a bomba de água”, contou.
Marivaldo informou que, os indígenas falaram que queriam a produção e chegaram a matar e comer uma vaca, ainda na entrada da fazenda.
“Tive que tocar o gado para fora da fazenda, passei dois dias fora da propriedade. Eu tenho três funcionários com carteira registrada, tive que vim na rua alugar três casas para abrigar eles e minha família”.
De acordo com o relato, o grupo chegou a conversar sobre a possibilidade de sair, caso o produtor pagasse impostos referentes ao lucro da produção.
“Eles chegaram a exigir parte do lucro do que for vendido, da minha produção para deixar as terras, não há demarcação na minha terra, não vou pagar taxa pra eles e andar na ilegalidade. Tenho 30 anos lá dentro, as terras primeiro pertenceram a meu pai desde 1975, só meu pai ficou lá 40 anos, tenho a documentação de tudo”, contou.
Marivaldo disse que foram registrados dois boletins de ocorrências na Polícia Civil, mas nenhuma ação foi tomada até o momento. “Eles falaram que não podem fazer nada. Eu não posso contratar segurança, minha fazenda tem 48 hectares, é terra de herança dividida pra 15 irmãos. Hoje fiz outro boletim, citei nomes, levei foto, filmagens das câmeras da fazenda, mas ninguém fez nada. Na delegacia a gente descobriu que muitos deles respondem processos por cárcere privado e tentativa de homicídio”.
Lorindo Wruch, agricultor, também foi despejado de sua propriedade. Ele, que é proprietário de uma pequena fazenda situada próxima ao Parque Nacional de Monte Pascoal, em Porto Seguro, teve que retirar, de forma apressada, seus pertences e o gado da fazenda Lagoa Encantada.
O produtor mostrou imagens de um bezerro morto em um curral onde uma vaca estava prestes a dar à luz, mas foi morta pelo grupo que levou a carne do animal.
O Sindicato dos Produtores Rurais de Itabela comunicou que os sindicatos das cidades notificaram a FAEB, que protocolou um ofício para as Polícias Militar, Civil, Federal e Secretaria de Segurança Pública, solicitando providências em relação às invasões de terras nos municípios de Itabela, Prado e Itamaraju.