Professor substituto e PM quebra braço de aluno autista em crise

Afastamento e investigação após professor da SEEDF quebrar braço de adolescente autista.

Brasília – Um policial militar, também atuando como professor temporário na rede pública de ensino do Distrito Federal, é acusado de causar graves ferimentos a um adolescente autista. O incidente ocorreu no Centro de Ensino Especial 1 do Guará, na última terça-feira (7/11). Após o ocorrido, o estudante foi encaminhado ao Hospital de Base, onde passou por cirurgia para colocação de pinos de titânio, recebendo alta três dias depois.

O militar, identificado como Renato Caldas Paranã, 41 anos, assumiu a função de professor de informática em substituição a uma colega afastada. Testemunhas relatam que, no dia do incidente, o adolescente autista não verbal de nível 3 estava agitado, e apesar das orientações da vice-diretora para que não fosse tocado, Paranã teria o segurado fortemente pelos braços. Consequência disso, o estudante sofreu a fratura enquanto a vice-diretora buscava assistência de uma psicóloga.

De acordo com a vice-diretora, o jovem, descrito como não agressivo, foi ferido na primeira ocorrência de natureza grave no colégio. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e a mãe do aluno foram acionados logo após a situação. A 4ª Delegacia de Polícia (Guará) está investigando o caso.

Entidades como o Movimento do Orgulho Autista (Moab), a Ordem dos Advogados de Brasília (OAB) e o Conselho Tutelar convocaram uma reunião com a Coordenação da Regional de Ensino do Guará para discutir o caso e outras situações similares ocorridas em escolas públicas da região.

Em resposta ao caso, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) afastou o professor Paranã, garantindo que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da SEEDF. A secretaria destacou ainda seu repúdio a qualquer ato de violência e o compromisso de prestar auxílio ao estudante.

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por outro lado, classificou a situação como um “acidente”. Segundo a corporação, o aluno estaria em crise nervosa, agredindo outros estudantes e funcionários, e a lesão teria ocorrido enquanto o professor tentava acalmá-lo. A PMDF reiterou que o caso não se deu em atividade policial militar e mencionou a legalidade da acumulação de cargos públicos por militares, conforme a Emenda Constitucional nº 101/2019.

Até o fechamento desta matéria, a defesa de Renato Caldas Paranã não havia se pronunciado publicamente.