Professora vítima de racismo protesta em supermercado usando apenas roupas íntimas

Na última sexta-feira (07), a professora negra Isabel Oliveira, de 43 anos, realizou um protesto inusitado em uma unidade do supermercado Atacadão, em Curitiba. Após se sentir vítima de racismo ao ser seguida por um segurança dentro do estabelecimento, ela decidiu retornar à loja vestindo apenas roupas íntimas, com a frase “sou uma ameaça?” escrita em seu corpo.

Isabel percebeu que estava sendo acompanhada pelo segurança enquanto fazia suas compras e chegou a confrontá-lo, questionando se representava algum perigo para a loja. Apesar da negativa do funcionário, a professora ligou para a polícia para denunciar a situação de racismo, mas a ocorrência não foi tratada como prioridade pelos militares.

Em entrevista ao G1, Isabel relatou que os policiais perguntaram se houve recusa de atendimento ou alguma situação que caracterizasse crime de racismo por parte dos funcionários do supermercado. A gerente da loja se aproximou da professora, ofereceu-lhe um copo d’água e afirmou que a empresa tomaria as devidas providências.

Ainda indignada com a situação, a professora decidiu retornar ao mercado horas depois, usando apenas calcinha e sutiã de cor semelhante à sua pele. Durante o protesto, Isabel afirmou: “Quando eu vim vestida, estava com um segurança atrás de mim. Aí eu voltei, agora nua, para garantir que eu leve a latinha de leite da minha filha e não tô roubando nada”.

Isabel também rebateu as críticas recebidas nas redes sociais, esclarecendo que seu objetivo não era sexualizar a situação, mas sim questionar se seu corpo poderia ser considerado uma ameaça. Em um vídeo publicado em sua página, a professora, emocionada, afirmou se sentir como uma “marginal”.

Ela declarou que não deixará o caso impune e pretende registrar uma queixa na delegacia nesta segunda-feira (10). “Não pode ficar assim, eu tenho dois filhos, não quero que eles passem por isso. Eu ontem errei ao fazer isso, mas eu preciso fazer a denúncia. Fui tratada como se fosse uma marginal. Fiquei sendo seguida por um segurança dentro do mercado por mais de meia hora”, lamentou Isabel.

O Atacadão se manifestou por meio de nota, informando que apurou o caso, ouviu os funcionários e analisou as imagens de câmeras de segurança, mas não identificou indícios de abordagem indevida. A empresa se colocou à disposição de Isabel para esclarecimentos e eventuais providências.