‘Veio uma onda e virou’, diz sobrevivente de acidente de lancha com mortes na Bahia

Um dos sobreviventes do acidente de lancha que matou ao menos 18 pessoas, em Vera Cruz, Região Metropolitana de Salvador, na manhã desta quinta-feira (24), disse que a embarcação Cavalo Marinho I virou após uma onda. Inicialmente, informação era de 22 mortes. Número foi revisado na tarde desta quinta, informou a Capitania dos Portos.

"Estava chovendo, começou a molhar. Veio uma onda e virou. Tinha muita gente", disse Edvaldo Santos de Almeida. Por meio de nota, a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), responsável pelo transporte marítimo, informou que a embarcação tinha capacidade total para 160 pessoas, levava 120 pessoas, sendo 4 tripulantes. Um bebê morreu dentro de uma ambulância após ser resgatado.

Edvaldo chegou ao Terminal Náutico, em Salvador, em uma lancha com outros passageiros que foram resgatados. De acordo com Edvaldo, houve demora no atendimento das vítimas. "Demorou muito para sermos socorridos, foram duas horas dentro do mar", relatou Edvaldo Almeida.

Segundo Edvaldo, ele se salvou por estar na parte superior da embarcação. "Eu estava em cima na lancha, na parte da frente, graças a Deus. Mas quem estava embaixo, eu acho que não sobrou ninguém. Muito triste", disse.

Eduardo Reis, filho de uma das sobreviventes, Meire Souza, disse que a mãe foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE).

"Ela conseguiu, mas muita gente não. Mas isso aí foi anunciado, né? Minha mãe trabalha aqui [Salvador], mora em Barra do Gil [Ilha de Itaparica], atravessa todo o dia. Ela mandou ontem para mim um vídeo via Whatsapp, a lancha perto de virar. Ela filmando e pedindo a Deus, orando", relatou.

Um homem que esperava o pai se desesperou, em frente ao terminal náutico de Salvador. “Meu pai está aí dentro! Foi 6h30 que aconteceu essa p… E até agora, vai dar 9h, e nada”, desabafou. Momentos depois, o pai do rapaz foi resgatado. "A partir de hoje eu vou agradecer bastante a Deus pela vida de meu pai, por preservar a vida de meu pai. Deus sabe o que faz em todas as coisas”, falou.

O pai dele contou como se salvou da tragédia. "Mergulhei e subi, e fui atrás do bote, e consegui segurar”.

 

Uma mulher, identificada como Ana Paula, que fez a travessia pelo ferry-boat, contou que viria na lancha, mas que parentes que estavam com ela a aconselharam a não fazer a travessia. Após desembarcar pelo ferry, ela foi procurar pelos parentes, que vieram na lancha.

“Tava jogando muito. Minha mãe mandou a gente voltar por causa das crianças, e a gente veio de ferry. A gente desistiu de vir na lancha e viemos de ferry, só que ela veio na lancha com meu cunhado. Eu ainda não tenho notícia nenhuma”, disse.

Uma sobrevivente contou os momentos de terror que viveu, após a lancha virar. "Fui pra debaixo da lancha. Foi um sufoco. O pessoal todo em cima de mim, eu subindo e descendo. Quando eu respirava, o pessoal [vinha] de novo. Virou de vez. Virou de lado", falou a mulher.

A mãe de um dos passageiros, Ivanildes Nascimento, está aflita. "Estou preocupada. Meu filho estava nessa lancha e ainda não tenho informações dele. Na lista que saiu, o nome dele não está. Toda hora chega um e diz que têm feridos, mas a gente não sabe de nada", lamenta.

Isadora Guedes foi até o terminal Náutico, em Salvador, em busca da mãe, Ivonete. "Ela estava nessa lancha, até agora não tive notícias. Já tentei ligar pra ela na esperança de encontrar, mas o celular tá desligado", disse.

Um outro familiar de passageiro, José Ricardo da Silva, está à procura do irmão. "O nome dele não está na lista do lado de cá [Salvador], e minha cunhada disse que não está do lado de lá [Mar Grande] também", lamenta. Até por volta das 14h, ainda não havia notícias sobre outras 22 pessoas que estavam na lancha.