Acessibilidade em terreiros de candomblé: desafios e propostas de inclusão

A falta de acessibilidade nos terreiros de candomblé, como a Casa Branca, preocupa adeptos. Programa Casa Odara busca melhorias para até 2.000 terreiros em Salvador.

Fotos: Acervo Pessoal / Divulgação

A falta de acessibilidade em terreiros de candomblé tem gerado preocupações entre os adeptos e frequentadores dessas instituições religiosas, especialmente em Salvador, onde as estruturas físicas muitas vezes não atendem às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida. Um exemplo é a Casa Branca, fundada em 1830, que enfrenta desafios significativos devido às suas escadas íngremes.

Localizada na Avenida Vasco da Gama, a Casa Branca possui 54 degraus que dificultam o acesso, especialmente para anciãos e cadeirantes. Segundo Isaura Genoveva, ekedi do terreiro, a falta de rampas e elevadores torna o deslocamento cansativo e extenuante para muitos frequentadores. Genoveva enfatizou a importância de reestruturar o espaço para torná-lo mais inclusivo, ressaltando que o objetivo é acolher todos, respeitando suas especificidades.

Ela destacou que a questão da acessibilidade não deve ser encarada como uma reivindicação, mas sim como uma necessidade de conscientização. A arquiteta Sarah Madjalani também apontou que as intervenções em monumentos tombados, como os terreiros, precisam seguir normas estabelecidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e que cada projeto deve ser analisado individualmente para atender às características e necessidades específicas do local.

Além disso, a Secretaria Municipal de Reparação de Salvador anunciou o programa Casa Odara, que busca oferecer melhorias na infraestrutura de terreiros de religiões de matriz africana. A expectativa é que a questão da acessibilidade seja integrada a esse projeto, que deve se estender por quatro anos e abranger até 2.000 terreiros cadastrados.

As discussões sobre a acessibilidade nos terreiros não envolvem apenas a infraestrutura, mas também o reconhecimento da importância de garantir direitos para todos os adeptos. A inclusão de pessoas com deficiência e outras limitações de mobilidade deve ser uma prioridade nas políticas públicas, para que todos possam livremente acessar locais sagrados e participar das atividades religiosas.