Entre 2014 e 2023, a agência especializada em entretenimento e propaganda Mynd8 acumulou mais de R$ 1 milhão em contratos com o governo brasileiro. Dados do Portal da Transparência revelam que, nesse período, os maiores contratos foram firmados durante as gestões de Michel Temer e Dilma Rousseff, totalizando respectivamente R$ 577,5 mil e R$ 478,7 mil. A administração de Jair Bolsonaro destinou R$ 49,6 mil, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu primeiro ano de mandato, R$ 2,8 mil.
A exposição da Mynd8 ganhou notoriedade após a tragédia envolvendo o perfil de fofoca Choquei e a estudante Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos. Choquei, gerenciado pela Mynd8 até dezembro de 2021, disseminou imagens falsas de uma suposta conversa amorosa entre Canedo e o humorista Whindersson Nunes, levando ao suicídio da estudante.
Os serviços prestados pela Mynd8 ao governo incluíram o desenvolvimento de peças publicitárias e impulsionamento de campanhas para a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) e diversos ministérios. O governo de Dilma Rousseff contratou a agência em múltiplas ocasiões entre 2014 e 2016, enquanto a gestão Temer manteve o ritmo de contratações de 2016 a 2018. Durante a administração de Bolsonaro, a Mynd8 prestou serviços em duas ocasiões em 2020. Sob o governo atual de Lula, a agência foi contratada uma vez em julho de 2023.
A Mynd8, conhecida por agenciar mais de 400 influenciadores digitais, gerou mais de R$ 500 milhões em 2022 e projeta faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2025. A agência promove conteúdo em larga escala, influenciando significativamente o debate público e o mercado publicitário.
O caso de Jéssica Vitória Canedo e a dinâmica de influência da Mynd8 geram discussões sobre a responsabilidade e o impacto das agências de marketing digital na sociedade e na política brasileira.