Na audiência pública de quinta-feira (14), realizada nas salas Herculano Menezes e Luís Cabral da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (AL-BA), a demissão de cerca de 120 vigilantes da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) em Paulo Afonso foi amplamente debatida. A audiência, intitulada “Desemprego de vigilantes e insegurança de funcionários e instalações da Chesf”, levantou preocupações sobre o uso crescente de tecnologia em substituição à mão de obra humana, a segurança nas subestações de energia e o risco potencial de apagões.
Contextualização e repercussões:
A deputada Maria del Carmen (PT), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da AL-BA, enfatizou a importância desses trabalhadores para a sociedade, alertando para os riscos de deixar equipamentos vitais sem proteção adequada. Segundo ela, a demissão massiva de vigilantes pode acarretar sérios transtornos para a população, incluindo o risco de apagões.
“É uma relação de trabalho importante para a sociedade, pois você tem grandes equipamentos que ficam descobertos com as demissões, tendo o risco de provocar apagões nas cidades e transtornos diversos para a população. A denúncia está feita, é um tema que merece a atenção da Casa do Povo e vamos encaminhar as demandas surgidas aqui para quem tem a responsabilidade de acompanhar todo este processo”, afirmou.
Homenagem e perspectivas técnicas:
O deputado Robinson Almeida (PT), um engenheiro eletricista, após prestar uma homenagem ao falecido ex-deputado federal Luiz Alberto, destacou a importância do Parque da Companhia Hidrelétrica do São Francisco. Ele criticou o processo de privatização da Eletrobras, mencionando os impactos na economia e na qualidade dos serviços prestados à população.
“No setor de petróleo, o baiano paga a gasolina, o diesel e o gás de cozinha mais caros do Brasil, porque a Acelem, comprada pelo grupo árabe Mubadala, mantém uma política internacional de preços baseada no dólar. A Coelba, privatizada há três décadas, é uma mina de ouro para os seus acionistas espanhóis, mas presta o pior serviço à população, tri-campeã de queixas no Procon, com apagões e prejuízos para as pessoas”, detalhou.
Repercussões sociais e trabalhistas:
Paulo César Brito, presidente do Sindicato dos Vigilantes da Bahia, expressou a preocupação com os desempregados, muitos dos quais trabalhavam na empresa há quase 30 anos. A substituição por monitoramento eletrônico e pessoal não qualificado para a segurança de instalações críticas como usinas e subestações foi severamente criticada.
“A Chesf abandonou o compromisso social de gerar empregos. Só na cidade de Paulo Afonso são 80 trabalhadores, pais e mães de família, que deixaram de receber o seu salário, sem poder fazer mais seu mercado, comprar a roupa de seus filhos, pagar uma consulta médica. Queremos de volta nosso ganha pão, nosso meio de sobrevivência digno e honesto”, disse.
Posicionamento da Chesf:
Jenner Guimarães, diretor administrativo da Chesf, defendeu as ações da empresa como parte de um processo de modernização tecnológica. Ele detalhou o investimento de 98 milhões em novas tecnologias para garantir a segurança das instalações.
“O que está ocorrendo é um processo de modernização tecnológica dentro do setor de segurança, onde recursos estão sendo incorporados, buscando a otimização e uma maior eficiência no monitoramento das áreas. Jenner informou ainda que, nos últimos quatro anos, houve um investimento de 98 milhões em novas tecnologias, como videomonitoramento, tele assistência e o uso de sonofletores e radares magos para proporcionar mais segurança às instalações das unidades e também às pessoas que gravitam nas áreas controladas pela Companhia”, informou.