A recente mobilização de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente no Telegram, para uma manifestação na Avenida Paulista em 25 de fevereiro, destaca a persistência de estratégias baseadas na disseminação de desinformação e conteúdos extremistas. Esta prática não é nova no cenário político global, mas ganha particularidades no contexto brasileiro devido ao histórico recente de tensões políticas e sociais.
Contexto e estratégia de mobilização
A utilização do Telegram por apoiadores bolsonaristas para organizar manifestações e compartilhar teorias da conspiração reflete um fenômeno mais amplo de polarização e desinformação nas redes sociais. O levantamento realizado pelo Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia, com apoio do InternetLab, revelou um volume significativo de mensagens que buscam mobilizar pessoas com base em narrativas que, muitas vezes, carecem de fundamento factual.
A referência a paralisações gerais e a mobilização de setores específicos, como caminhoneiros e empresários do agronegócio, além da criação de “vaquinhas” e organização de caravanas, são táticas que visam fortalecer a manifestação tanto em termos numéricos quanto em visibilidade. Entretanto, a inserção de golpistas financeiros aproveitando-se deste momento para enganar pessoas destaca um risco inerente a essas mobilizações espontâneas: a vulnerabilidade à manipulação e ao aproveitamento por atores mal-intencionados.
Impacto e implicações
As manifestações e a retórica empregada nos chamados refletem uma estratégia de manter viva a base de apoio ao ex-presidente, apelando para sentimentos patrióticos e uma narrativa de resistência. No entanto, a propagação de desinformação e mensagens de ódio pode acirrar ainda mais as divisões na sociedade, além de desafiar os esforços de manutenção da ordem e do debate público saudável.