Voto impresso: Maioria dos partidos na Câmara são contrários ao projeto; Bolsonaro reconhece derrota

O governo deverá sofrer mais uma derrota na votação em que o plenário da Câmara vai decidir se torna obrigatório o voto impresso no Brasil, a principal bandeira do presidente Jair Bolsonaro hoje. Os partidos declaradamente contrários à proposta somam 330 deputados, aponta um levantamento feito pelo Globo com dirigentes e líderes das legendas com assento na Casa.

Das 22 bancadas consultadas, apenas duas, com 86 parlamentares no total, confirmam apoio ao projeto que é pivô da atual crise institucional entre o Judiciário e o Palácio do Planalto.

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) deve reunir nesta segunda-feira líderes partidários para tratar do tema e pode pautar a votação já para amanhã. Mesmo que parte dos congressistas desrespeite a orientação das siglas, são mínimas as chances de aprovação, na avaliação dos dirigentes.

Por se tratar de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), são necessários 308 votos para aprovar a medida, já rejeitada na comissão especial formada para analisar o tema.

Bolsonaro reconhece derrota do voto impresso: “Barroso apavorou parlamentares”

Jair Bolsonaro (Sem Partido)

Em entrevista para uma rádio da Bahia nesta segunda-feira, 09, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reconheceu a derrota do voto impresso, sua principal pauta na Câmara de Deputados nos últimos meses. Para ele, mesmo que o presidente da casa legislativa, Arthur Lira (PP-AL), leve a proposta para votação no plenário, como afirmou no fim de semana que faria, o projeto de lei não tem mais chance de ser aprovado .

Durante a entrevista, o ministro da Cidadania, João Roma, que estava ao lado de Bolsonaro, lembrou do anúncio de Lira, de que, mesmo após a derrota da proposta do voto impresso na comissão especial, levaria o projeto para votação no plenário . A ação não era esperada já que, a derrota na comissão especial deveria “matar” a proposta e não levá-la para votação.

O presidente comentou a situação: “É, [Arthur Lira] vai [levar a proposta para o plenário], mas tivemos uma negociação antes, um acordo, vai ser derrotada a proposta. Porque o ministro Barroso apavorou alguns parlamentares. E tem parlamentar que deve alguma coisa na Justiça, deve no Supremo. Então o Barroso apavorou. Ele foi para dentro do Parlamento fazer reuniões com lideranças e, praticamente, exigindo que o Congresso não aprovasse o voto impresso”.