O silêncio tenso que pairava sobre o Hospital DF Star em Brasília foi finalmente quebrado às 21h20 deste domingo. Michelle Bolsonaro anunciou nas redes sociais a notícia que muitos aguardavam: a complexa cirurgia abdominal do ex-presidente Jair Bolsonaro, que durou quase 11 horas, foi concluída com sucesso. Um alívio para familiares e apoiadores que permaneceram em vigília desde o início da manhã.
Bolsonaro, de 70 anos, foi submetido a uma laparotomia exploradora para liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal. O procedimento, iniciado por volta das 10h, tornou-se necessário após o ex-presidente apresentar um quadro de subobstrução intestinal durante viagem ao Rio Grande do Norte.
“A equipe médica dará uma entrevista coletiva em breve para dar mais informações sobre o procedimento”, informou Michelle em sua publicação nas redes sociais1. Médicos especialistas explicam que este tipo de intervenção consiste na abertura do abdômen para investigar e tratar problemas internos.
Este foi o quinto procedimento cirúrgico ao qual Bolsonaro se submeteu desde que foi vítima de uma facada durante a campanha eleitoral de 2018. O ataque, que ocorreu em setembro daquele ano durante um comício em Juiz de Fora, deixou sequelas que continuam exigindo cuidados médicos periódicos.
Dr. Arnaldo Nacarato, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Brasília Águas Claras, explica a complexidade do caso: “A laparotomia exploradora é um procedimento onde realizamos a abertura da cavidade abdominal, e a lise das aderências consiste em liberar todas as aderências do intestino, algo muito comum em pacientes que já tiveram uma cirurgia por via laparotomia, principalmente aqueles que apresentaram complicações como sangramentos”.
Segundo o anestesiologista e intensivista Fernando Mayer, os problemas atuais de Bolsonaro têm relação direta com o atentado de 2018, quando precisou ser operado emergencialmente sem o devido preparo intestinal, resultando em processos inflamatórios e complicações posteriores.
A internação de Bolsonaro ocorreu na sexta-feira, quando ele sentiu dores abdominais intensas durante um evento com apoiadores no nordeste brasileiro. O desconforto foi descrito como “insuportável” por fontes próximas. Inicialmente levado a um hospital em Santa Cruz, pequena cidade do Rio Grande do Norte, foi posteriormente transferido para Natal e, no sábado, para Brasília a pedido da família.
A hospitalização interrompeu uma viagem que o ex-presidente planejava realizar pelo Nordeste para promover a agenda de seu partido, visando as eleições presidenciais do próximo ano, embora ele próprio esteja impedido de concorrer. A região é tradicionalmente um reduto político do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a longa cirurgia, cerca de uma dúzia de apoiadores se reuniram em frente ao hospital aguardando notícias. Entre eles estava o empresário Maurilio Borges Bernardes, de 84 anos, que compareceu usando uma cruz e declarou estar ali para oferecer “apoio moral e espiritual” ao ex-presidente.
A equipe médica do Hospital DF Star deverá fornecer detalhes adicionais sobre o estado de saúde de Bolsonaro e os próximos passos do tratamento durante a entrevista coletiva anunciada para breve.