O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou um vídeo em suas redes sociais, onde aparece rezando com apoiadores, em sua residência de veraneio em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. A publicação ocorreu dois dias após Bolsonaro ser alvo da Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), investigação que busca apurar a participação do ex-presidente e de seus aliados na tentativa de um golpe de Estado após as eleições de 2022. Na legenda, Bolsonaro menciona que a oração é dedicada ao Brasil.
A gravação, divulgada na tarde de sábado, 10, não inclui falas do ex-presidente, mas registra uma apoiadora liderando uma oração pela proteção de Bolsonaro diante dos desafios que enfrenta. A operação da PF, deflagrada na quinta-feira, 8, resultou na apreensão do passaporte do ex-mandatário, que agora está impedido de sair do país.
A Operação Tempus Veritatis colocou em foco não apenas Bolsonaro, mas também figuras proeminentes de seu círculo político, incluindo ex-ministros, ex-assessores e militares. Investigações revelaram a existência de uma minuta redigida pelo ex-presidente, sugerindo a decretação de estado de sítio e a disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral.
Informações detalhadas sobre o caso foram obtidas através do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, em conversas com o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército. As conversas sugerem que Bolsonaro teria simplificado o texto de um decreto que visava medidas extremas.
Além disso, uma gravação de uma reunião ministerial evidenciou o incentivo de Bolsonaro ao questionamento do sistema eleitoral e a proposição de um golpe não armado, além de críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em resposta às alegações, a defesa de Bolsonaro declarou que o ex-presidente nunca apoiou ações contrárias ao Estado Democrático de Direito.
Durante a reunião capturada, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, também investigado, destacou a necessidade de ações decisivas antes das eleições de 2022, enfatizando a urgência de “virar a mesa” como estratégia.