Nesta quarta-feira (2), o hacker da ‘Vaza Jato’, Delgatti Neto, foi preso durante a Operação 3FA e prestou um depoimento à Polícia Federal (PF) que trouxe à tona novas informações. Segundo ele, o ex-presidente Bolsonaro perguntou em uma reunião intermediada pela deputada federal Carla Zambelli se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas, caso tivesse acesso ao código-fonte dos equipamentos.
A conversa com Bolsonaro, no entanto, não prosseguiu, e Delgatti Neto afirmou que só poderia ter acesso ao código-fonte das urnas dentro da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), algo que ele não poderia fazer.
“QUE apenas pode afirmar que a Deputada Carla Zambelli esteve envolvida nos atos do declarante, sendo que o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex- Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante”, informa o relatório da PF.
Operação 3FA
A operação da Polícia Federal desta semana, chamada Operação 3FA, está investigando se Delgatti Neto foi responsável por invadir o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos fraudulentos, incluindo um mandado falso contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Conforme o depoimento de Delgatti, essas atividades ilegais foram solicitadas por Zambelli, e o hacker teria recebido um total de R$ 13,5 mil dos assessores da parlamentar.
Com autorização do ministro, foram cumpridos uma ordem de prisão preventiva contra Delgatti Neto e cinco mandados de busca e apreensão, três no Distrito Federal e dois em São Paulo, sendo um deles direcionado à deputada Carla Zambelli.
Dentre as medidas tomadas contra a deputada, Moraes determinou:
- A apreensão de armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, assim como o passaporte;
- Busca e apreensão em carros eventualmente encontrados nos endereços da deputada e nos armários de garagem;
- Apreensão de dinheiro e bens, tais como joias, veículos, obras de arte e outros objetos, com valor superior a R$ 10 mil, a menos que a origem lícita seja comprovada de forma cabal no local dos fatos.
O nome da operação faz referência ao método de segurança 2FA, ressaltando como a invasão de sistemas pode ser facilitada através do uso de credenciais falsas.