Brasil em alerta: o abate desmedido de jumentos e sua relação com a China

Protestos nas capitais denunciam risco de extinção ligado ao comércio do ejiao

Hoje (30), a Avenida Paulista, coração de São Paulo, foi tomada por vozes em defesa dos jumentos, animais que fazem parte do patrimônio cultural e emocional do Brasil. A Quinta Ação Nacional Contra o Abate de Jumentos reverberou em mais 14 capitais, com destaque para a mobilização no centro de Brasília.

A iniciativa, encabeçada pela Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, visa chamar a atenção para o abatimento alarmante desses animais. O foco está na produção do ejiao, um produto chinês derivado do colágeno da pele do jumento.

Yuri Fernandes Lima, representante jurídico da frente, alerta: “A demanda por ejiao está levando o jumento à extinção”. Essa afirmação se torna ainda mais alarmante quando se considera a falta de uma cadeia produtiva organizada para o abate do animal. “Não há criação, não há sustentabilidade. Muitos desses animais são simplesmente coletados, comprados e, em alguns casos, até furtados”, lamenta.

A disputa jurídica sobre o abate de jumentos tem raízes em 2018, quando foi obtida uma liminar que suspendeu temporariamente os abates. Porém, decisões subsequentes criaram um impasse jurídico, deixando o destino desses animais incerto.

Dados alarmantes sublinham a importância deste debate: apenas nos abatedouros sob o Serviço de Inspeção Federal na Bahia, quase 80.000 jumentos foram abatidos entre 2021 e 2022. E a população desses animais no Brasil teve uma queda estimada em 38% entre 2011 e 2017.