O governo do Mato Grosso do Sul lançou na segunda-feira, 8, o programa “Mais Saúde”, que faz parte de um esforço para reduzir a fila de cirurgias eletivas no estado. Como parte do programa, o governo está oferecendo cirurgias reparadoras para alunos da rede pública de ensino que estão sofrendo bullying por questões estéticas, como a orelha de abano e problemas oftalmológicos.
De acordo com o governo, apenas no ano passado, 150 casos de violência escolar na rede estadual foram registrados em função de alguma situação estética. O “Mais Saúde” tem investimentos de R$ 52 milhões e deve ajudar a zerar a fila por cirurgias eletivas, que atualmente atinge cerca de 15 mil pessoas.
Crianças e adolescentes que já tiveram problemas de bullying identificados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública foram encaminhados à coordenadoria de suporte psicossocial e, na maioria dos casos, para a rede pública de saúde. “Esse é o público que já está na fila dos procedimentos: crianças com orelha de abano, nariz adunco, crescimento excessivo das mamas e problemas oftalmológicos, como estrabismo e alto grau de miopia”, disse o assessor de comunicação da Secretaria de Governo, Alexsandro Nogueira.
No caso da otoplastia, cirurgia para corrigir as chamadas orelhas de abano, o SUS cobre o procedimento quando houver comprovação médica de que essa condição afeta a saúde da pessoa ou interfere, de forma grave, em seu bem-estar. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), cerca de 5% da população mundial são afetados pelo problema que, além do desconforto estético, impacta diretamente na autoestima das pessoas. É muito comum que essas pessoas sofram situações de bullying, baixa estima, sensação de insegurança e até mesmo distúrbios psicológicos.
Embora a iniciativa do governo seja considerada “muito boa” pela presidente da SBPC no Mato Grosso do Sul, a cirurgiã plástica Luciana Pepino, ela enfatizou que é necessário que o tratamento seja acompanhado por profissionais especializados em saúde mental, já que as consequências emocionais e psicológicas podem ser permanentes, mesmo depois das cirurgias reparadoras. O presidente da SBPC no Mato Grosso do Sul, cirurgião plástico Cesar Benavides, destacou a importância de abordar a questão do bullying no momento certo e de forma individualizada.