A família do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que determine a quebra do sigilo telefônico do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal em Salvador. O caso será analisaro por Luiz Edson Fachin.
O pedido é assinado pelo advogado Gamil Foppel, responsável pela defesa de Marluce Vieira Lima (mãe de Geddel) e de Lúcio Vieira Lima (deputado federal e irmão do ex-ministro).
A defesa da família de Geddel quer saber de qual número partiu a denúncia anônima que levou a Polícia Federal a encontrar o apartamento onde foram encontrados os R$ 51 milhões.
“[A defesa] requer a quebra do sigilo telefônico do NIP da Superintendência da Polícia Federal da Bahia a fim de verificar quais números ligaram para o referido terminal no dia 14 de julho de 2017, possibilitando a identificação do número (e respectivos dados cadastrais) responsável pela ligação anônima referida na informação nº 15/2017”, diz o pedido.
A defesa também quer acesso imediato ao material utilizado na perícia do apartamento, tais como “fragmentos de impressões papilares” e mídias com gravações de imagens, para análise de um perito próprio. A PF afirmou ter encontrado as digitais de Geddel no local.
Geddel, Lúcio Vieira Lima, Marluce e mais duas pessoas são réus no STF pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa nesse caso.
Na denúncia apresentada ao STF, a Procuradoria Geral da República (PGR) afirmou que os R$ 51 milhões têm como possíveis origens propinas da construtora Odebrecht; repasses do operador financeiro Lúcio Funaro; e desvios de políticos do MDB.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que estatais como Petrobras, Furnas e Caixa Econômica Federal tiveram prejuízo de ao menos R$ 587,1 milhões. Só no banco, teriam sido desviados para propina R$ 170 milhões pela ingerência de Geddel, segundo a PGR.
A Procuradoria também apura se uma parte dos R$ 51 milhões corresponde à parte dos salários de assessores que, segundo a PF, eram devolvidos aos irmãos Vieira Lima.
Versões
Quando Geddel, Lúcio e Marluce se tornaram réus, a defesa deles questionou a supervisão do caso pelo juiz Vallisney de Oliveira, da primeira instância da Justiça Federal em Brasília, mesmo em caso envolvendo parlamentar federal.
O advogado Gamil Foppel também criticou o fato de a denúncia anônima sobre o dinheiro no apartamento ter sido recebida por policiais que não foram identificados na investigação.
“Diz a denúncia que dois policiais inominados conversaram com dois moradores ignorados que confirmaram a notícia anônima. É um anonimato para confirmar o anonimato”, apontou.