Com R$ 12 milhões em investimentos, Bahia amplia a segurança social para populações vulneráveis

Iniciativa busca combater criminalidade com inclusão e educação.

O governador Jerônimo Rodrigues, juntamente com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou recentemente o plano de Segurança Pública da Bahia, que tem como objetivo principal promover a inclusão social e proporcionar uma vida mais digna para pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica, especialmente para a juventude negra e periférica. Com um investimento previsto de quase R$ 12 milhões, o plano visa combater a oferta fácil de drogas e armas, que tem um custo muito alto para a sociedade.

Durante o anúncio, o governador ressaltou a importância de disputar cada criança, jovem e adolescente contra o mundo do crime, destacando que essa é uma missão do governo do Estado e do governo federal, bem como de cada policial que acorda diariamente com essa responsabilidade. O ministro da Justiça acrescentou que estão trabalhando diariamente com o que há de melhor em termos de prevenção e política social.

Nesse contexto, foram assinados dois termos: um para a implementação do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci Juventude) e outro para a realização de ações de prevenção ao uso abusivo de drogas, com o objetivo de fortalecer, expandir e territorializar o programa Corra pro Abraço.

O Corra pro Abraço, vinculado à Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), já existe em Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, e agora será levado para Lauro de Freitas, Juazeiro, Porto Seguro e Barreiras. O programa tem como objetivo oferecer suporte e reabilitação para usuários de álcool e outras drogas, visando reduzir os danos causados por essas substâncias. Com um investimento de cerca de R$ 29 milhões entre 2017 e 2022, o programa já beneficiou quase 30 mil pessoas, realizando mais de 260 mil atendimentos.

Renato, um jovem de 18 anos que frequenta o Centro de Referência em Redução de Danos e População em Situação de Rua Maria Lúcia Pereira, em Salvador, há três meses, relata que o programa tem sido fundamental em sua vida. Ele afirma ter aprendido a reconhecer os danos causados por si mesmo e a reverter essa situação. Renato destaca que o centro o ajudou a criar uma rotina e se sente bem e confortável no local.

Frank Ribeiro, coordenador-geral do Centro de Referência Maria Lúcia Pereira, explica que as políticas de redução de danos têm sido reorganizadas e ampliadas, tanto na prevenção quanto na pesquisa. Ele ressalta que ter um lar nem sempre é suficiente para garantir melhores condições de vida, e é por isso que o programa trabalha com o conceito de vulnerabilidade em um sentido mais amplo.

Alex Souza, morador do bairro de Nova Brasília, em Salvador, frequenta o centro de referência quase diariamente junto com sua família. Ele acredita que se houvesse mais espaços como esse, mais pessoas procurariam se ressocializar. Sua esposa, Adriane, destaca que o centro é um lugar de igualdade e que seus filhos são bem recebidos e gostam do local. Ela acredita que se existissem mais locais como esse, a violência diminuiria e haveria menos crianças nas ruas.

Riccardo Cappi, doutor em criminologia e professor universitário, salienta que programas como o Corra pro Abraço têm um impacto não apenas na vida individual das pessoas, mas também na vida coletiva. Ele destaca que ao garantir direitos e acesso a serviços como saúde e educação, as pessoas têm menos incentivo para buscar atividades ilícitas em busca de dinheiro, prestígio e poder. Portanto, investir em ações sociais é investir na vida individual e coletiva das pessoas.

Gabriel Oliveira, superintendente de Políticas sobre Drogas e Acolhimento a Grupos Vulneráveis da Seades, ressalta que territórios vulneráveis e de baixa renda historicamente sentem a presença da segurança pública apenas por meio da polícia, mas que projetos como o Corra pro Abraço ajudam a reduzir a violência e a criminalidade nesses locais, oferecendo alternativas e acesso aos direitos dessas pessoas.

Além do programa Corra pro Abraço, o governo do Estado também investe no Bahia Viva, um projeto que busca garantir segurança pública através da recuperação de usuários de drogas. O diretor da Comunidade Terapêutica Fazenda Viva Esperança, Padre Edilberto Araújo Amorim, acredita que combater as drogas não é suficiente, é necessário um trabalho intenso para recuperar os usuários. O Bahia Viva, que faz parte do Sistema Bahia Viva, está presente em várias cidades, como Vitória da Conquista, Barra da Joça, Feira de Santana, Barreiras, Itabuna, Santo Estêvão e Barreiras. O projeto busca guiar os usuários de drogas para uma nova oportunidade na sociedade, oferecendo acolhimento humano e decente. Para 2023, o investimento do governo do Estado nessa ação é de R$ 7,5 milhões.

Hélio Gusmão, coordenador do projeto, foi um dos acolhidos pelo programa e agora se dedica a ajudar outros usuários. Ele destaca a importância de buscar uma mudança de vida, em vez de apenas parar de usar drogas. Hélio ressalta que é necessário perdoar a si mesmo e seguir em frente.

Delma Pedra, presidente do Instituto Nova Vida em Barreiras, destaca que a parceria com o Bahia Viva potencializou o trabalho da instituição, que agora tem uma taxa de sucesso de 80% nos casos atendidos. Ela ressalta a importância de oferecer oportunidades de renovação com dignidade, respeito, acolhimento e autonomia para esses indivíduos, e acredita que mais pessoas devem ter acesso a essas oportunidades.

Os investimentos do governo do Estado da Bahia em programas sociais como o Corra pro Abraço e o Bahia Viva visam não apenas combater a criminalidade, mas também promover a inclusão social e garantir direitos para aqueles que mais precisam. Essas ações têm um impacto significativo na vida das pessoas, tanto individualmente quanto coletivamente, e representam um passo importante na construção de uma sociedade mais justa e segura.

Crédito: Olga Leiria