A Controladoria-Geral da União (CGU) descobriu que o currículo de Simone Sibilio, promotora de Justiça do Rio de Janeiro responsável pela investigação do homicídio da vereadora Marielle Franco, foi impresso no computador de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal pelo PL-RJ. Esta informação surgiu em meio às investigações sobre um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Abin.
Os dados revelados pelo jornal O Globo indicam que o currículo de Sibilio foi encontrado entre uma série de documentos produzidos pela denominada “estrutura paralela” da Abin. Estes documentos, além de não possuírem a logomarca oficial da agência, incluíam informações sobre pessoas que não eram alvo das atribuições regulares da Abin. Grande parte desses relatórios foi elaborada por policiais federais trazidos por Ramagem para atuar na agência.
A investigação da Polícia Federal, que deu origem a essas descobertas, começou com a apuração sobre o uso da ferramenta israelense FirstMile, que permitia o monitoramento da localização de pessoas por meio de dados de celulares. A CGU, ao investigar, identificou que as impressões realizadas na Abin geravam um “log”, um registro no sistema que revelava a identidade do usuário do equipamento. Foi assim que 120 gigabytes de documentos, incluindo o currículo de Simone Sibilio, foram recuperados e compartilhados com a Polícia Federal.
Simone Sibilio, que coordenava o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deixou o caso Marielle em 2021. A promotora atuou na força-tarefa do inquérito sobre o assassinato da parlamentar, ocorrido em 2018. O relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) destaca que o documento do currículo de Sibilio segue o mesmo padrão dos relatórios apócrifos produzidos pela “estrutura paralela”, caracterizados pela ausência de identidade visual oficial da Abin.