Delcídio Amaral contrata criminalista especializado em delação

Responsável pela delação premiada de sete réus da Lava-Jato, entre eles a do doleiro Alberto Youssef, o criminalista Antônio Figueiredo Basto assume nesta quarta-feira a defesa do senador licenciado Delcídio Amaral (PT-MS). Ao GLOBO, Basto confirmou que a delação é uma das saídas analisadas para defender o senador petista, preso desde o dia 25 de novembro acusado de tentar atrapalhar as investigações. Delcídio foi flagrado tentando comprar o silêncio do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que negociava acordo de delação premiada.

Com a contratação do criminalista, aumenta a possibilidade de o senador petista ser o primeiro político a fazer um acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República.

— Não há nenhuma negociação de colaboração ainda. Ainda vou estudar os autos. Hoje, foi a primeira vez que conversei com o senador. Mas a delação é uma das hipóteses analisadas. Se houver necessidade de colaboração, vou para a linha de frente — afirmou Bastos.

O advogado relatou o estado de ânimo de Delcídio na prisão:

— Evidentemente, ele está muito chateado. Mas a conversa foi sigilosa, não posso falar a respeito.

Na segunda-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o senador, o banqueiro André Esteves, o advogado Edson Ribeiro e Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, por embaraçar investigação sobre organização criminosa e patrocínio infiel. Delcidío, Ribeiro e Ferreira também são acusados de exploração de prestígio.

O filho de Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró, gravou uma conversa entre ele, Delcídio, Ferreira e Ribeiro onde falam sobre uma possível fuga para Cerveró, preso em Curitiba. Eles oferecem também de uma ajuda de custo de R$ 50 mil por mês para a família do ex-diretor caso ele não citasse, em sua delação, fatos que comprometessem o senador e o banqueiro André Esteves.

As gravações foram entregues à PGR e impulsionaram o acordo de delação de Cerveró. Ontem, o ex-diretor afirmou, em delação premiada à força tarefa da Operação Lava-Jato, que a presidente Dilma Rousseff sabia dos detalhes da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. O ex-diretor explicou, contudo, que Dilma não teve participação no esquema de pagamento de propina.