A recente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de tornar públicos os depoimentos de militares e políticos prestados à Polícia Federal, ampliou a pressão sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu círculo próximo. A revelação de tais depoimentos fornece novas perspectivas sobre as atividades do ex-presidente e de seus associados no contexto pós-eleitoral de 2022.
Dentre os depoimentos agora expostos, destacam-se os dos comandantes das Forças Armadas, Marco Antônio Freire e Carlos de Almeida Baptista Júnior. Estes relatos colocam Bolsonaro em uma posição central em relação às alegações de uma tentativa de golpe. De acordo com o que foi divulgado, Bolsonaro discutiu diretamente com os líderes militares a respeito de um documento que propunha ações extraordinárias, incluindo a possibilidade de decretar medidas como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa ou Estado de Sítio.
Além disso, foi destacado que, apesar das averiguações da Comissão de Transparência das Eleições (CTE), que não encontraram indícios de fraude nas eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro persistiu em questionar a integridade do processo eleitoral. Essa atitude parece ter alimentado incertezas e descontentamento entre seus apoiadores, apesar da falta de evidências para sustentar as acusações de irregularidades.
A divulgação desses depoimentos pela Polícia Federal sugere um cenário em que Bolsonaro e seus aliados teriam buscado meios de contestar o resultado eleitoral e de interromper a transição de poder para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o cargo em janeiro de 2023 após vencer as eleições em outubro de 2022.