O deputado federal Mário Negromonte Junior (PP) defendeu que o vice-governador da Bahia, João Leão, esteja na chapa majoritária em 2022. Reeleito como vice em 2018, o presidente estadual do PP na Bahia não pode mais concorrer no mesmo cargo. Só pode pleitear a cabeça de chapa ou tentar uma vaga no Senado Federal. As duas possibilidades, segundo Negromonte Junior, terão o aval do partido.
“O partido não tem discutido outros nomes. Tem focado, até porque Leão merece, por tudo que ele tem feito. […] Ele é o nome nosso para disputar a chapa majoritária. É um consenso dentro do partido. Se ele quiser ser candidato a senador, o partido vai apoiar”, disse o parlamentar.
O deputado também defendeu a volta às aulas, mas disse que a posição da APLB-Sindicato, de vacinar todos os professores antes da retomada presencial da educação, “é legítimo”. “Acredito que o pleito é justo. Eles só pedem para vacinar, não estão pedindo aumento”, pontuou.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista com o deputado Mário Negromonte Junior (PP):
BNews: Recentemente o PP reuniu seu diretório nacional em convenção, reelegeu Ciro Nogueira como presidente. Aqui na Bahia João Leão continua sendo o presidente. O senhor acha que o partido está caminhando para uma renovação no comando a nível estadual?
Mário Negromonte Junior: A gente vai sentar para poder formatar, novo cenário. Está muito tranquilo [o partido], tem crescido muito na mão de João Leão. Em relação a isso, sem problema. O partido está crescendo muito, vem mantendo o crescimento, não vejo problema em ele continuar como presidente. Agora, pode haver renovação, sem muito problema, com jogo combinado. A gente tem muita amizade, tem harmonia muito grande. Se houver renovação, vai ser tranquilo. Time que está vencendo não se mexe.
BNews: O senhor se destaca por amparar os prefeitos da sua base com recorde de emendas parlamentares para os municípios. Isso deve por causa desse alinhamento com o Bolsonaro, né? Como é essa relação?
Mário: Graças a Deus, fruto da nossa equipe de gabinete. A gente consegue levar recursos, emendas, obras. Tenho essa relação com o governo federal, desde começo do meu primeiro mandato. Já foi Dilma, Temer, e agora Jair Bolsonaro. Consigo fazer boa relação. Atender as demandas dos prefeitos, e é verdade que eu sou o deputado que mais colocou emenda na história para os municípios que sou mais votado. Atendo a demanda que o município mais precisa. A relação se dá com muita harmonia entre os poderes Legislativo e Executivo, para poder a gente, justamente, atender essas demandas do município. Esse alinhamento na gestão não quer dizer alinhamento eleitoral. Tenho relação muito forte com Rui Costa, com senador Jaques Wagner, e essa relação para mim faz todo o sentido. Obviamente que, a relação com o partido nacionalmente tem nos ajudado e contribuído para também atender demandas dos municípios e demandas importantes vindo do governo do Estado. Não está restrita só meu trabalho como deputado, mas sim a demanda da Bahia.
BNews: O senhor é a favor do retorno às aulas. O que acha da APLB-Bahia, que afirma que os professores só vão trabalhar quando todos estiverem vacinados?
Mário: Defendo o retorno das aulas porque quem tem filho pequeno sabe do sofrimento das crianças. Tem muita criança que está doente, não consegue conviver. Mas temos que pensar na vida em primeiro lugar. Os professores e profissionais da educação, além das crianças que voltam para as casas. Acho que agora nesse exato momento tem que fazer essa priorização dos profissionais de educação, não só professores. Tem todo nosso apoio. Acredito que está na hora de fazer essa transição, de vacinação e volta às aulas. Foi muito conversado, em acordo com o sindicato, com as escolas, acredito que retornando 50%, e também obviamente tendo virtual. Com muita responsabilidade, observado muito isso, vendo se isso funciona. Tenho conversado com outros deputados de outros estados, e vendo a preocupação. A Bahia pode funcionar bem nisso. Perdendo mais um ano, não sei se conseguimos recuperar no futuro.
BNews: Acha que o sindicato está politizando o assunto?
Mário: Acredito que o pleito é justo. Eles só pedem para vacinar, não estão pedindo aumento. O pleito é legítimo. Estado e município precisam trabalhar nisso, de priorizar os profissionais de educação, defendo isso. Acho que se teve setor que foi muito prejudicado foi a educação. Acho que os professores têm se dedicado muito nas aulas virtuais, mas não é a mesma coisa. Sair de casa, contato com as crianças. O acompanhamento presencial faz toda a diferença no processo educacional, com tudo isso a gente não pode jamais deixar de respeitar. É um pleito que vem da educação, e a educação vem em primeiro lugar. Essa questão é um pleito que possivelmente vem sendo atendido.
BNews: O que acha da volta as aulas em Salvador a partir do dia 3 de forma semipresencial?
Mário: Esse é modelo que vem sendo testado, criando grupos de alunos por dia, é uma volta às aulas sadia, com responsabilidade. Vou te falar com sinceridade. Sou pai e torço que dê certo. Estou com muita confiança. Nesse formato vai avançar muito no decorrer da diminuição da ocupação dos leitos de UTI, que vem diminuindo.
BNews: O senhor disse semana passada que deve ser difícil a composição da chapa majoritária ano que vem, visto que João Leão não pode ser mais vice. Qual é o nome do PP hoje para ser vice de Jaques Wagner?
Mário: Leão tem me falado muito que pode colocar o nome dele à disposição ao governo [para ser candidato]. Tem essa questão da vice que ele não pode mais ocupar. Nem ele nem Cacá Leão [filho do vice-governador]. Só ai dois nomes do partido não podem, mas não tem discutido outros nomes. Tem focado, até porque Leão merece, por tudo que ele tem feito. Trabalhou muito forte na campanha da eleição municipal, mesmo com idade avançada. Trabalhou, fez caravana. Pediram o apoio dele, e ele foi de forma presencial nas campanhas. Um trabalho que dificilmente vai ver em outras lideranças nessa última eleição municipal. Ele é o nome nosso para disputar a chapa majoritária. É um consenso dentro do partido. A princípio é o nome dele. Se ele quiser ser candidato a senador, o partido vai apoiar.
BNews: Alguns deputados do PT avaliam que hoje, na Bahia, a polarização é entre João Roma e Jaques Wagner. Roma pelo lado de Bolsonaro, e Wagner pelo lado de Lula. O senhor acha também que ACM Neto pode ser figurante?
Mário: Olha, é uma pergunta difícil de responder agora. Se fizer uma pesquisa no cenário de hoje, a polarização deve ser entre Wagner e ACM Neto. Não sei qual vai ser o cenário lá na frente. Não sei dá tempo [de João Roma se viabilizar], por causa do prazo desincompatibilização, para atingir um número razoável para polarização. Mas obviamente que é possível que tenhamos três candidatos ou mais. Neto demonstra que não vai caminhar com o governo Bolsonaro.
BNews: Não poderia deixar de falar sobre um caso que aconteceu essa semana. O senhor como ex-deputado estadual, como avalia a postura do deputado Capitão Alden, que acusou colegas da oposição de receberem uma espécie de propina da prefeitura de Salvador?
Mário: Não acompanhei muito o caso. A gente não sabe como se deu isso. Não conheço o Capitão Alden, não sei como se deu. Agora, toda toda acusação precisa de provas. Cabe ao Ministério Público, os órgãos fiscalizadores apurar a denúncia.
BNews: Tem mais algum tema que gostaria de falar?
Mário: Quero falar que estou confiante que estamos vivendo um momento de retomada da normalidade. Espero muito que a economia venha a retomar a condição de normalidade. Voltar a gerar a renda, e voltar a circular. E que a gente venha retornar grandes obras. Desejo mesmo e vamos lutar, e dizer que peço a Deus saúde para a gente.