Deputados baianos discutem sobre a discriminação racial no Brasil; entenda

Na última quarta-feira (01/03), Hilton Coelho (PSOL) e Leandro de Jesus (PL) tiveram um bate-boca após pronunciamentos contra o vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel (Patriota), que fez comentários preconceituosos contra os trabalhadores baianos após a repercussão do escândalo envolvendo vinícolas do Rio Grande do Sul relacionadas ao trabalho análogo à escravidão.

A discussão começou quando Leandro pediu para falar em questão de ordem, logo depois do discurso do líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), que havia comentado a fala do edil gaúcho classificando-a como sendo de “uma elite branca”.

“Eu entendo que nós devemos sair dessa discussão entre branco e preto. O que existe são pessoas mau caráter. E eu concordo que esse vereador de Caxias do Sul é sim um mau caráter. E a atitude dele tem que ser repudiada. Agora não vou concordar, com todo respeito, em atribuir isso a uma elite branca, porque isso também seria uma forma de preconceito. Existem pessoas independente da cor que são pessoas de mau caráter e que precisamos combater”, iniciou Leandro de Jesus.

Após a fala de Rosemberg, Hilton Coelho também se dirigiu à tribuna da Assembleia Legislativa da Bahia e reforçou o que o petista havia dito, concordando que a questão racial no Brasil está associada à concentração de renda em algumas áreas do país.

“Tratar a questão da discriminação racial no Brasil como um problema inexistente é como se estivesse se discutindo em Marte. Estamos num país que tem uma formação social, uma trajetória histórica (…) e dizer que essa concentração de renda não está associada à questão racial, é uma completa excrescência, é rasgar qualquer tipo de estudo. O deputado, com perfil de descendência negra, faz uma observação desse tipo (…) Precisamos ter muita responsabilidade com essa discussão”, pontuou Hilton.

O parlamentar bolsonarista ficou incomodado por ter sido mencionado pelo deputado do psolista e novamente pediu para que a questão fosse tratada com mais cuidado. Além disso, gritou contra o governador.

“Eu tenho a minha origem e me orgulho dela. Você me respeite. Eu vim da favela, do Beirú, Tancredo Neves. Você que é a nova elite”, afirmou.

Os parlamentares ficaram alterados e os microfones foram desativados para que a discussão fosse acalorada.

Nesta quinta-feira (2), através do Twitter, Leandro de Jesus criticou novamente Hilton Coelho, citando-o de forma indireta. Na publicações, o liberal chamou o colega de parlamento de “deputade” e “menine”.

“O ‘deputade’ do PSOL na Bahia esbravejou na tribuna porque tenho a origem negra e sou de direita, porque defendi que o homem se reconhece pelo caráter e não pela cor da pele, o ‘menine’ pegou ar. O psolista acha que pessoa da periferia e de origem negra deve ser maconheira, abortista, adepta ao vitimismo e a bandidolatria enjaulada na senzala ideológica que ele se sujeita e explora. NÃO, a esmagadora maioria também na periferia repudia essa cultura maldita da esquerda. Somos um só povo e os nossos valores e princípios fundamentais serão protegidos, a espiral do silêncio foi removida e defenderemos em todo lugar: DEUS, Família, Pátria, Vida, Liberdade e desenvolvimento numa economia livre com menos estado, menos burocracia e menos impostos”, finalizou o parlamentar.

O psolista acha que pessoa da periferia e de origem negra deve ser maconheira, abortista, adepta ao vitimismo e a bandidolatria enjaulada na senzala ideológica que ele se sujeita e explora. NÃO, a esmagadora maioria também na periferia repudia essa cultura maldita da esquerda ??

— Leandro de Jesus (@VouComLeandro) March 2, 2023