Alegando ser alvo de perseguição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff em coletiva de imprensa nesta sexta-feira. Aos jornalistas, ele disse estar convicto da participação de "um bando de aloprados do Planalto" na ação "persecutória" do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para conseguir elementos que permitam a denúncia contra ele no processo da Lava-Jato. Por isso, justificou Cunha, como político e deputado do PMDB, anunciou seu rompimento formal com o governo de Dilma Rousseff.
Segundo Cunha, o governo também autorizou, no último dia 23 de junho, uma devassa fiscal em suas contas.
O presidente da Câmara disse que já comunicou sua decisão ao vice-presidente da República, Michel Temer, e também ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e que os dois respeitam sua decisão. Cunha afirmou ainda que seu rompimento é com o governo, mas não com Temer, e cobrou que o vice-presidente deixe imediatamente a coordenação política do governo. O peemedebista também defendeu que o seu partido rompa com o PT.
— Eu vou tentar que meu partido vá para a oposição — declarou.
O presidente da Câmara voltou a negar que tenha qualquer envolvimento com as denúncias feitas pelo consultor Júlio Camargo em delação premiada. Nessa quinta-feira, Cunha disse que o Palácio do Planalto poderia estar por trás das acusações, e que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, obrigou o delator a mentir:
No caso da devasse fiscal em suas nas contas, Cunha explicou que o governo abriu procedimento contra ele, no último dia 23 de junho, na Delegacia de Maiores Contribuintes do Brasil em Belo Horizonte (MG).
— O tipo de devasse fiscal nas contas dos últimos cinco anos não é normal. É constrangimento a um chefe de poder, não dá para aceitar. A devassa fiscal eu já tinha comunicado ao governo — disse Cunha.