Em visita a Alagoas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta quinta-feira (13), que “é um crime” o que acontece na CPI da Covid, onde há “vagabundo inquirindo pessoas de bem”. O termo foi usado pelo filho do presidente, senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), para se referir ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), na quarta-feira (12).
“Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no país. É um crime o que vem acontecendo com essa CPI. Mas o que interessa são as boas ações”, declarou Bolsonaro.
O presidente não citou o nome de Renan, mas, na sequência, apoiadores gritaram “Renan, vagabundo”. Mais cedo na cerimônia, o presidente fez um sinal positivo e acenou para os apoiadores que fizeram o mesmo ataque ao senador alagoano.
Antes da cerimônia com Bolsonaro, na abertura da comissão desta quinta, Renan disse que a resposta aos ataques era “aprofundar essa investigação” feita pela CPI. O senador ainda disse que a ida do presidente à Alagoas era “uma evidente provocação a essa comissão parlamentar de inquérito”.
Na quarta-feira (12), a CPI da Covid ouviu o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, que teve prisão pedida por Renan Calheiros (MDB-AL), afirmando que ele mentiu à CPI. O pedido não foi aceito. Um dos filhos do presidente, o senador Flavio Bolsonaro reagiu e chamou o relator de “vagabundo”.
Jair Bolsonaro desembarcou no Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió, para participar da entrega de três obras: duas na capital (um conjunto habitacional e o viaduto da antiga PRF, já inaugurado pelo governo do estado em 2020) e uma em São José da Tapera.
Em sua chegada, o presidente interagiu com apoiadores sem máscaras e houve aglomeração. O uso da proteção em espaços públicos é obrigatório por lei no estado. Há previsão de multa para quem desrespeitar as regras previstas na legislação, mas somente em caso de reincidência. Antes da segunda infração, é aplicada uma advertência.
Ainda na visita, o presidente andou de carro com a porta aberta, o que é proibido pelas leis de trânsito. A ação é tida como infração grave, prevista no artigo 235 do Código de Trânsito Brasileiro, e prevê multa com retenção de automóvel para a condução de pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo.
Após o desembarque no aeroporto, o presidente foi direto para o Residencial Oiticica I, no bairro Benedito Bentes. Segundo o governo, o empreendimento vai beneficiar 500 famílias que viviam em áreas de risco na capital e teve um investimento de R$ 40 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional, por meio do Programa Casa Verde e Amarela.
Acompanham o presidente o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), e o prefeito de Maceió, JHC (PSB). Além deles, também estão presentes o senador Fernando Collor (Pros), o ministro do Turismo Gilson Machado e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Alguns deles, como Collor e Machado, não usam máscara.
No local, além da comitiva política, apoiadores do presidente se aglomeravam à espera de uma oportunidade de chegar perto dele. Muita gente estava sem máscara de proteção e ignorava o distanciamento social, indicado por especialistas para evitar contaminação pelo coronavírus.
Ainda em Maceió, Bolsonaro também vai participar da inauguração do viaduto que fica na rotatória da antiga sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre a BR-316 e a BR-104. O equipamento viário funciona desde dezembro de 2020. A obra, no valor R$ 77,4 milhões, foi feita pelo Governo do Estado, através de convênio firmado com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
No município alagoano de São José da Tapera, o presidente inaugura o trecho IV do Canal do Sertão, que vai possibilitar chegar a 125 km abastecidos com as águas do Rio São Francisco.