No depoimento prestado à Polícia Federal (PF), o tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, revelou uma ameaça feita pelo general Marco Antonio Freire Gomes, então comandante do Exército, ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Baptista Júnior, Freire Gomes advertiu Bolsonaro de que seria detido caso tentasse um golpe de Estado. Este depoimento faz parte de uma investigação sobre um plano golpista durante o governo Bolsonaro. O sigilo das declarações foi quebrado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previstos na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, declarou o ex-FAB.
Baptista Júnior, por sua vez, comunicou durante uma reunião com Bolsonaro e outros comandantes das Forças Armadas que se opunha a qualquer ação que violasse a ordem constitucional e que Bolsonaro não poderia permanecer no poder após o término de seu mandato.
O ex-comandante da Aeronáutica também informou que participou de diversas reuniões com Bolsonaro e líderes militares após as eleições de 2022, nas quais reforçou a inexistência de fraude nas urnas eletrônicas, contrariando a tese sustentada por alguns apoiadores do ex-presidente. De acordo com o relatório da PF, a exceção entre os comandantes foi o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, que teria oferecido suporte a Bolsonaro.
Um momento crítico relatado por Baptista Júnior ocorreu em 14 de dezembro de 2022, quando uma minuta propondo um golpe foi apresentada aos comandantes das Forças Armadas pelo então Ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira. Baptista Júnior expressou firmemente sua recusa em considerar tal documento e afirmou que a Aeronáutica não toleraria uma tentativa de golpe. Similarmente, Freire Gomes também rejeitou a proposta, enquanto Garnier não apresentou objeções durante a reunião.
Além disso, Baptista Júnior mencionou uma conversa com o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, onde deixou claro sua recusa em apoiar qualquer ação que subvertesse a democracia, deixando Heleno surpreso com a declaração.