Em depoimento perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Golpe (CPMI), o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou categoricamente as acusações de que o órgão teria direcionado ações na Região Nordeste com o intuito de atrapalhar as eleições presidenciais de 2022.
Durante seu depoimento, Vasques refutou veementemente as alegações, declarando: “O que se falou muito é que a PRF, no segundo turno da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro. Isso não é verdade. Não é verdade porque o Nordeste é o local onde temos nove estados, nove superintendências, temos a maior estrutura da PRF no Brasil, a maior quantidade de unidades da PRF. Nos estados do Nordeste é onde se encontra hoje, lotado, o maior número de efetivos da instituição e é o estado brasileiro onde está a maior malha viária de rodovias federais”.
Vasques explicou que as ações concentradas na região antes das eleições se justificavam pela alta incidência de acidentes com vítimas e crimes eleitorais no Nordeste. Segundo ele, “O Nordeste é onde, infelizmente nas últimas cinco eleições, foram feitas as maiores quantidades de prisões acerca de crimes eleitorais”.
Quanto à fiscalização durante as eleições, o ex-diretor apresentou dados que refutam as acusações. “Onde mais se fiscalizou foi no Sudeste, depois do Sul e Centro-Oeste e o Nordeste, empatado com Norte, ficou em quarta posição. Tivemos, em média, 25 locais de fiscalização no Nordeste, no segundo turno”, afirmou.
Vasques está sendo investigado por supostamente tentar interferir na votação do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. A suspeita é que a PRF tenha intensificado as blitzes no Nordeste no dia 30 de outubro, com o objetivo de dificultar o transporte de eleitores na região onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve a maioria dos votos no primeiro turno.
O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito para investigar a conduta de Silvinei Vasques, que ocupava o cargo de diretor-geral da PRF na época, em relação aos bloqueios de rodovias por manifestantes que contestaram o resultado das eleições presidenciais. Vasques é suspeito de prevaricação devido à demora da PRF em coibir os bloqueios e à divulgação de vídeos nos quais policiais rodoviários federais orientavam manifestantes sobre como agir para evitar a intervenção policial, mesmo mantendo os bloqueios.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito aprovou a convocação de outras autoridades para prestar esclarecimentos, incluindo o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha e o coronel Jean Lawand Júnior.
A investigação continuará a fim de esclarecer as circunstâncias e determinar eventuais responsabilidades relacionadas às acusações contra o ex-diretor da PRF.