Rio de Janeiro – Após dois anos e quatro meses preso, o ex-vereador e ex-policial militar Gabriel Monteiro reapareceu publicamente nesta sexta-feira (21), ao deixar o presídio de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó. A soltura foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares rigorosas. Mas o que vem a seguir para um dos políticos mais polêmicos do Rio?
Monteiro, que teve seu mandato cassado pela Câmara dos Vereadores em 2022 por quebra de decoro parlamentar, responde a uma série de acusações graves, incluindo estupro, assédio sexual e abuso de poder. Sua libertação não significa o fim dos processos judiciais: ele está proibido de deixar o Rio de Janeiro, deve usar tornozeleira eletrônica e tem cinco dias para se apresentar às autoridades para instalação do dispositivo.
O caso e as acusações
A trajetória judicial de Gabriel Monteiro é marcada por inúmeras controvérsias. Ele foi inicialmente preso em novembro de 2022 sob acusação de estupro contra uma jovem de 23 anos. Segundo a denúncia, Monteiro teria forçado a vítima a manter relações sexuais sob ameaça com arma e tentado filmar o ato. A vítima ainda relatou ter contraído HPV após o episódio, confirmado por laudo médico.
Além disso, ele enfrenta acusações relacionadas à gravação de vídeos íntimos com uma adolescente de 15 anos, assédio sexual contra ex-assessoras e invasões a instituições públicas durante seu mandato como vereador. Em um dos episódios mais polêmicos, ele foi condenado a pagar R$ 242 mil em indenizações por danos morais decorrentes de vídeos gravados em unidades de saúde e “pegadinhas” que constrangeram terceiros.
Medidas cautelares e próximos passos
A decisão do STJ veio acompanhada de condições rigorosas. Monteiro deverá comparecer periodicamente à Justiça, está proibido de manter contato com as vítimas e terá seus movimentos monitorados pela tornozeleira eletrônica. Apesar da liberdade provisória, os processos seguem em andamento sob segredo de Justiça.
Ao sair da prisão, Monteiro declarou acreditar que “Deus está fazendo Justiça” por ele. Contudo, sua liberdade gerou reações diversas nas redes sociais e entre especialistas jurídicos, que apontam para a gravidade das acusações ainda pendentes.
Repercussão pública
Gabriel Monteiro construiu sua carreira política com base em vídeos polêmicos nas redes sociais, onde alegava fiscalizar serviços públicos enquanto acumulava seguidores e monetizava suas postagens. Durante seu mandato como vereador pelo Rio, ele chegou a faturar cerca de R$ 300 mil por mês com essas produções. No entanto, sua abordagem agressiva gerou críticas e processos judiciais.
Agora solto, Monteiro enfrenta um cenário incerto. Enquanto tenta retomar sua vida fora da prisão, as medidas cautelares impostas pela Justiça limitam suas ações públicas e políticas.