O cardiologista Fábio Vilas-Boas informou que entregou nesta terça-feira, 3, uma carta com pedido de exoneração do cargo de secretário estadual de Saúde. A exoneração ocorre depois de Vilas-Boas xingar a chef Angeluci Figueiredo, dona do restaurante Preta, na Ilha dos Frades. Ele chamou a empresária baiana de “vagabunda”, após dar de cara com o restaurante fechado devido ao mau tempo.
Conforme apurado pelo grupo A TARDE, o governador Rui Costa (PT) já procura por um perfil técnico para substituir Vilas-Boas, que esteve à frente da pasta durante toda a gestão do petista. A pasta será conduzida interinamente pela subsecretária Tereza Paim.
Entreguei, agora à tarde, minha carta com pedido de exoneração do cargo de secretário estadual de Saúde, que ocupava desde janeiro de 2015. A solicitação foi aceita pelo governador Rui Costa.
— Fábio Vilas-Boas (@fabiovboas) August 3, 2021
Um vídeo divulgado nesta terça-feira mostra que o secretário pulou uma mureta e invadiu o restaurante. Nas imagens, gravadas no exato momento em que ele chega ao estabelecimento localizado na Ilha dos Frades, ele aparece mexendo no celular e com a máscara de proteção pendurada na orelha
O CASO
No último domingo, 1, Fábio Vilas-Boas foi até a Ilha dos Frades e encontrou o restaurante fechado. Ele diz que a reserva foi feita com 48h de antecedência e que pagou R$ 350 para a embarcação levar ele e seus amigos, inclusive alguns do “exterior”, até o local. Inconformado, enviou as mensagens agressivas para a chef.
“Esqueça de me ver de novo aqui. E ainda paguei 350 reais para desembarcar”, reclama Vilas-Boas em uma das mensagens enviadas. “Amigo o caralho! Vagabunda!”, prossegue o secretário, que ameaça expor a chef em sites de notícia.
Angeluci tornou o caso público e os prints da conversa com as ofensas vieram à tona. Em uma carta-resposta, a empresária explicou que os funcionários não tinham como chegar ao restaurante devido às condições de navegação e que o sinal de internet na ilha falha, o que tornou ainda mais difícil a comunicação.
Ele de desculpou nas redes sociais pelos “comentários inadequados”, mas a repercussão foi grande e a notícia foi veiculada nacionalmente.
“Tendo reservado um almoço especial com os familiares e amigos do exterior com a devida antecedência de 48h, uma enorme frustração momentânea me levou, tomado de emoção, a dizer o que disse. Conto com o perdão de todos que se sentiram ofendidos, pois sempre pautei minha vida na verdade, honestidade e acolhimento”, escreveu no Twitter.
REPERCUSSÃO
Além de ocupar a página principal dos maiores veículos do país, o secretário, em evidência desde o início da pandemia e elogiado pela atuação na pasta, foi criticado tanto por políticos de oposição quanto os da base, principalmente pelas mulheres.
Ex-prefeita de Salvador e deputada federal, Lídice da Matta definiu a conduta de Vilas-Boas como “machista” e “inaceitável”, principalmente pelo cargo que ocupa.
Olívia Santana, deputada estadual pelo PCdoB e aliada do governo, disse que o secretário “caiu após tropeçar no próprio machismo” e que a luta das mulheres provocou mudanças reais na sociedade.
“Discriminações, que antes eram toleradas, precisam ser suspensas”, disse Olívia, que antes do pedido de exoneração pediu que o então titular da Sesab revisse os seus “valores autoritários”.
Diversas entidades também se manifestaram sobre o assunto, entre elas o Conselho Baiano de Turismo (CBTUR), que repudiou os “atos ofensivos” praticados por Vilas-Boas. Na nota, assinada pela presidente Maria Angela Carvalho, a entidade pediu que o governador Rui Costa (PT) tomasse as providências. “Tal atitude não pode permanecer impune”, diz o comunicado.