Famílias de menor renda são as mais beneficiadas com queda da inflação

A inflação no Brasil tem sido um tema muito presente nos últimos meses, e os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta sexta-feira (14) trazem uma boa notícia: a inflação desacelerou para todas as faixas de renda em março.

De acordo com o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, as famílias de menor renda foram as que mais se beneficiaram com a queda nos preços. A inflação para as famílias de renda muito baixa foi de 0,53% em março, enquanto que para as famílias de renda média-alta foi de 0,81%.

Essa desaceleração foi intensa para todas as classes sociais, mas mais evidente para as famílias de menor poder aquisitivo, devido à redução da alta nos preços dos alimentos em domicílio. Com exceção dos segmentos de pescados e aves e ovos, os demais alimentos registraram variações de preços menores em março deste ano em relação a março do ano passado.

No acumulado dos últimos 12 meses, as famílias de renda alta tiveram a inflação mais elevada (6,44%), enquanto a menor inflação foi registrada no segmento de renda média-baixa (4,38%). As famílias de renda muito baixa registraram um índice de inflação de 4,60%.

Os preços dos alimentos em domicílio tiveram queda em março deste ano, o que beneficiou principalmente as famílias de menor poder aquisitivo. Por outro lado, o grupo de transportes pressionou a inflação para todas as faixas de renda, influenciado pelas altas nos preços da gasolina e do etanol. As famílias de renda mais alta sentiram menos esse impacto, devido às quedas nos preços das passagens aéreas e do seguro veicular.

Outros grupos que influenciaram a inflação em março foram habitação e saúde e cuidados pessoais. Na habitação, houve alta nas tarifas de energia elétrica, impactando principalmente as famílias de menor renda. Já no grupo saúde e cuidados pessoais, as famílias de menor poder aquisitivo sentiram a alta nos preços dos produtos de higiene pessoal, enquanto as famílias de renda mais alta foram influenciadas pelos reajustes nos preços dos planos de saúde.

Apesar disso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial de inflação, fechou março com uma taxa de 0,71%, inferior à taxa de fevereiro (0,84%). Em 12 meses, o indicador acumula 4,65%, abaixo de 5% pela primeira vez em dois anos.

Essa desaceleração da inflação é uma boa notícia para os consumidores brasileiros, principalmente para aqueles que estão em situação financeira mais delicada. A redução dos preços dos alimentos em domicílio foi um dos principais fatores que contribuíram para essa queda, mas é preciso continuar acompanhando de perto os dados para entender como a inflação vai se comportar nos próximos meses.