Uma funcionária de 27 anos da embaixada do Zimbábue em Brasília conquistou medida protetiva após denunciar abusos sistemáticos por parte da ministra conselheira Rutendo Faith Sagwete. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou que a diplomata mantenha distância e não estabeleça qualquer contato com a vítima.
Monalisa Maparura relatou ter sido obrigada a realizar “massagens íntimas” na diplomata, além de enfrentar jornadas exaustivas, controle rigoroso de alimentação e vigilância constante[2][5]. A decisão judicial, baseada na Lei Maria da Penha, foi assinada na terça-feira (16) pela juíza Bianca Fernandes Pieratti.
Inicialmente contratada como cozinheira na residência do embaixador Meshack Kitchen, Monalisa passou a ser frequentemente requisitada na casa da ministra conselheira no Lago Sul, área nobre da capital[4][5]. Ali, segundo seu depoimento à Polícia Civil, era forçada a realizar massagens diárias na diplomata, inclusive em partes íntimas.
Controle abusivo e restrição de liberdade
A funcionária zimbabuana declarou que vivia sob constante vigilância, necessitando de autorização até mesmo para buscar atendimento médico ou frequentar a igreja. Em seu relato à polícia, Monalisa mencionou três ocasiões em que adoeceu e foi impedida de procurar ajuda médica por conta própria.
Em um episódio particularmente alarmante, relatou ter “escorregado, quebrado um dente e desenvolvido uma infecção na bochecha”, sendo impedida de ir ao hospital, recebendo assistência posteriormente de outra pessoa da embaixada.
A jovem também revelou que a conselheira “frequentemente a incomodava, ligando insistentemente e exigindo disponibilidade a qualquer momento”. Em situação extrema, Monalisa afirmou ter passado uma noite nas escadas do jardim, aguardando o amanhecer, pois era proibida de entrar na residência após determinado horário.
Do desaparecimento à proteção legal
O caso ganhou novos contornos quando, em 9 de abril, a ministra conselheira registrou o desaparecimento de Monalisa na 10ª Delegacia de Polícia do Lago Sul. A funcionária foi localizada três dias depois, quando relatou ter ingerido uma substância tóxica e sido socorrida por um motorista de aplicativo.
Atualmente, Monalisa encontra-se abrigada em local com endereço protegido. Seus documentos pessoais, incluindo passaporte e carteira de identidade, teriam ficado sob posse da diplomata.
O Ministério das Relações Exteriores informou estar ciente do caso, embora não tenha recebido comunicação oficial sobre a medida protetiva concedida pelo TJDFT. Tentativas de contato com a embaixada do Zimbábue, via e-mail e telefone, não obtiveram resposta.
A medida judicial determina que Rutendo Faith Sagwete mantenha distância da vítima e está proibida de entrar em contato “por qualquer meio”, sob risco de prisão preventiva caso descumpra as ordens.