O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo nesta quarta-feira, 19 de abril. O pedido foi feito após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chefes de outros ministérios, no Palácio do Planalto. Segundo fontes, a decisão foi tomada após a divulgação de imagens pela CNN Brasil, que mostraram Gonçalves Dias e colaboradores do GSI no Palácio do Planalto durante a invasão do prédio no dia 8 de janeiro.
O motivo da reunião no Palácio do Planalto era discutir a crise política causada pela invasão do prédio em janeiro. Gonçalves Dias deveria ter comparecido à Comissão de Segurança Pública da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o episódio, mas não compareceu devido a um problema de saúde. O presidente do colegiado, deputado Ubiratan Sanderson, afirmou que o ministro será convocado a comparecer na próxima quarta-feira, 26 de abril, “sob o regime de convocação e nesse regime explicar sobre tudo o que os parlamentares querem ouvir do 8 de janeiro, e agora potencializada com os vídeos que foram divulgados”.
Após a divulgação das imagens, o GSI divulgou uma nota para justificar a presença do chefe do órgão no Palácio do Planalto durante a invasão. Segundo a nota, as imagens mostram a “atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar o quarto e o terceiro piso do Palácio do Planalto”. A presença do general e de outros membros do GSI no local, durante a invasão, foi criticada pela oposição, que pediu explicações ao governo.
Gonçalves Dias é natural de Americana (SP) e entrou para o Exército em 1969, por meio da Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Chegou a ocupar o cargo de Comandante da Sexta Região Militar e a comandar o 19° Batalhão de Infantaria Motorizado. Dentro do governo, já foi Secretário de Segurança da Presidência da República, durante a primeira gestão de Lula, e chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O GSI é formado majoritariamente por militares e é o órgão responsável pela segurança das instalações da Presidência da República. Até o início de 2023, também fazia a segurança pessoal do presidente e de seus familiares. No entanto, Lula decidiu ter sua segurança composta por policiais federais, alguns que já o acompanharam durante a campanha presidencial. A decisão foi tomada em meio ao receio do governo com a atuação de militares no núcleo da administração federal, após a quantidade de militares que participaram do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter deixado a impressão no governo petista de que parte das Forças Armadas assumiu uma atuação ideológica.