O governador Rui Costa (PT) informou nesta terça-feira (25) que acionou a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para que tome as medidas legais cabíveis contra o cantor e deputado federal Igor Kannário (DEM), que fez comentários criticando a Polícia Militar da Bahia durante o desfile da sua pipoca, no Campo Grande, no Carnaval. A PGE vai entrar com uma representação junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), diz nota do governo.
Rui comentou a decisão em seu perfil no Twitter, afirmando que é “inaceitável o ato público de desrespeito e agressão contra a Polícia Militar da Bahia registrado ontem no Campo Grande”.
“Acionei a Procuradoria Geral para que o Estado formalize uma representação junto ao Ministério Público da Bahia a respeito deste fato. Medidas cabíveis que estiverem no âmbito do MP precisam ser tomadas em respeito à PM e em defesa da honra de pais e mães de família que fazem parte da corporação”, diz o governador.
A PGE considera “fato gravíssimo” a atitude do cantor, afirmando que ele atenta “contra a ordem pública”, especialmente por estar em um trio patrocinado pelo poder público. Outras medidas ainda são analisadas.
O Ministério Público informou que recebeu a representação durante o plantão de Carnaval. “No documento, a Procuradoria-Geral do Estado destaca que, além das palavras agressivas e de ‘baixo calão’ contra os policiais, o cantor proferiu as frases do alto de um trio elétrico para uma multidão, fato que poderia causar a incitação da população contra a Polícia Militar e comprometer a segurança da festa”, diz o MP. O pedido do Estado é que Kannário seja penalmente acionado por calúnia e difamação, crimes previstos no Código Penal. O MP informou que vai analisar o pedido.
Mais tarde, Kannário respondeu ao governador através de nota enviada à imprensa e disse que está ‘completamente tranquilo’. “Há diversos vídeos mostrando a ação inadequada de alguns policiais, que não condizem com a maioria da Polícia Militar, não só nesse ano. As imagens falam por si. Reitero meu respeito pela instituição Polícia Militar e tenho certeza de que não teríamos Carnaval sem a corporação, mas ressalto novamente que não vou me calar diante dos excessos. O comportamento equivocado não deve ser normalizado, ao contrário, deve ser criticado, sim, e medidas devem ser tomadas para que não ocorram excessos contra os foliões. Inclusive, elogiei diversas vezes o tratamento de policiais na minha pipoca. E sempre vou elogiar quando o comportamento for correto”, diz a nota.
Ainda no texto, o artista e deputado federal disse que sempre que vê alguma confusão na sua pipoca, paro o trio e a música para chamar a atenção dos foliões. “Agora, ano após ano, vemos casos de excessos contra foliões na pipoca do Kannário. Por que esse comportamento não é explicado? Será que o povo da favela merece ser tratado dessa forma sempre? São perguntas que seguem sem resposta. Falei em cima do trio e repito aqui: fico triste com toda esta situação. Não queria parar meu desfile para reclamar da ação de alguns policiais, mas não vou me calar sempre que observar excessos. Meu grande desejo é que o povo da favela seja devidamente respeitado, seja no Carnaval seja no resto do ano”, completa.