Governo Lula posterga vacina contra dengue e opositores acusam o governo de negligência

Senador Eduardo Girão e bolsonaristas criticam a decisão

A controvérsia se instalou após o Ministério da Saúde adiar a implementação de uma vacina contra a dengue, já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano. Segundo o governo Lula, são necessárias análises adicionais antes de disponibilizar o imunizante, produzido por um laboratório japonês, no Sistema Único de Saúde (SUS).

Este adiamento gerou reações acaloradas entre os opositores, que acusam o governo de negligenciar a prevenção da doença. Em vez de aproveitar a eficácia comprovada de 80,2% da vacina japonesa Qdenga, o governo Lula está priorizando uma vacina ainda em pesquisa pelo Instituto Butantan.

De acordo com O Globo, o governo Lula irá priorizar uma vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan desde 2009. A vacina do Butantan, ainda em fase de pesquisa, não deverá ser liberada pela Anvisa até 2025.

“Esperar uma vacina do Instituto Butantan pode custar vidas, principalmente dos grupos mais vulneráveis”, alertou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime Barbosa.

Em pronunciamento no Plenário na última terça-feira (4), o senador Eduardo Girão (Novo-CE) também questionou a decisão do governo. “Quem vai se responsabilizar por mortes por dengue nesse período?” ele indagou, citando um aumento alarmante de 46% nos casos de dengue no Brasil no primeiro semestre de 2023.

Bolsonaristas, notavelmente, começaram a criticar a decisão nas redes sociais. Eles questionam o motivo pelo qual o Governo Federal não tem mostrado interesse em integrar o imunizante já aprovado ao SUS, mesmo em face do crescente número de casos de dengue.

“Por que dois pesos e duas medidas numa situação que se refere a vidas humanas?” questionou Girão, em referência à pressão anterior sobre o governo Bolsonaro para a compra de vacinas durante a pandemia de Covid-19.

O atraso na implementação da vacina Qdenga traz consigo não apenas implicações na saúde pública, mas também um potencial risco político. As acusações de negligência e protecionismo ameaçam desestabilizar o governo Lula, enquanto os casos de dengue continuam a aumentar.

Não obstante, o governo ainda tem tempo para reverter esta situação, aprovando o uso do imunizante japonês na rede pública e enfrentando o avanço da dengue.