Grupo de Lira tem pedido atendido por Lula e mantém Codevasf e Dnocs com centrão para ampliar base aliada

O governo Lula (PT) optou por manter o comando da cobiçada Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) nas mãos do Centrão. A indicação ao cargo de presidente da estatal, que tem um grande orçamento, será dada ao líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, um aliado próximo do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Além disso, o Planalto cederá o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para o Avante, sigla que também está sob o comando do parlamentar do PP.

De acordo com o Globo, a decisão finaliza um ajuste político que vem sendo trabalhado desde que Lula ganhou as eleições, em outubro. Sabendo que necessitaria da influência de Lira para aprovar seus planos, o petista mudou o tom das declarações sobre o deputado, a quem chegou a chamar de “imperador” na campanha, e ofereceu, em contrapartida, um vasto apoio de seu grupo à recondução do líder do Centrão à presidência da Câmara. O político, que até o momento era um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, acenou de volta para Lula. Ao passar a Codevasf para um indicado de Elmar, o presidente também pretende satisfazer Lira. Sendo presidente da Câmara, tem o controle sobre as pautas de votação e, consequentemente, pode dificultar a governabilidade.

O PP, partido de Lira, e o União Brasil chegaram a um acordo para se unirem em uma federação, modelo que requer que os partidos participantes atuem no Congresso como se fossem um só pelos próximos quatro anos. A ação do governo tem como objetivo atrair o futuro bloco político – somados, PP e União têm 108 deputados, o que será a maior bancada da Câmara, e 15 senadores, a segunda maior daquela Casa.

Desde que assumiu, Lula tem trabalhado ativamente para conquistar PP, PL e Republicanos, as três legendas que formam o Centrão, bloco partidário mais conhecido pelo pragmatismo político do que pelos posicionamentos ideológicos. Até agora, havia conseguido firmar um acordo com Republicanos, que aceita votar com o governo em projetos da pauta econômica e social. Ao agraciar Lira, aproxima-se do PP. A negociação mais complicada se dá com o PL, sigla de Bolsonaro.

O nome do presidente da Codevasf, porém, será apresentado por Elmar Nascimento, personagem que o governo tinha deixado pelo caminho. Ele estava entre os favoritos para ser ministro da Integração Nacional, mas a ascensão foi barrada por petistas da Bahia, seus adversários no estado. Depois disso, passou a atuar nos bastidores para seguir dando as cartas na Codevasf, como ocorria no governo de Jair Bolsonaro.

A estatal é presidida desde 2019 pelo engenheiro Marcelo Andrade Moreira Pinto, apadrinhado de Elmar. Segundo integrantes do governo, caberá ao líder do União decidir se manterá o atual presidente ou apresentará outro indicado.