Guedes diz que oposição tem que “pegar senha e esperar a próxima eleição”

Foto: Paulo Guedes, o ministro da Economia. (Melina Flynn)

Em entrevista à Bloomberg Línea, ministro diz que é demissível se perder a confiança do presidente. Ele também falou sobre política, inflação e mercado de capitais

Apesar de uma parte dos eleitores terem votado no presidente Jair Bolsonaro pela aliança com o campo liberal na condução da economia, o ministro Paulo Guedes disse não sentir que seja dono de um mandato ou que tenha um compromisso com esse eleitorado. “Não me foi dado um mandato. Sou demissível ad nutum”, disse o ministro Paulo Guedes à Bloomberg Línea, se referindo ao termo jurídico em latim que significa revogável pela vontade de uma só das partes.

“O presidente, perdendo a confiança, eu saio.”

Guedes, que afirma não gostar do diz-que-diz na política, disse que não está disposto a ceder em sua convicção liberal-democrata na condução da economia. Questionado se aceitaria trabalhar, eventualmente, com Lula ou algum outro presidente que manifestasse a intenção de dar continuidade ao seu trabalho, o ministro afirma que “todos sabem o que eu penso”.

“Tenho algumas crenças sobre o que é importante fazer. Eu vim dar a minha contribuição. Se você pergunta se eu gostaria de trabalhar com A ou com B, eu digo que sou um liberal-democrata; se me perguntar se gostaria de trabalhar com social-democrata … é difícil, né? Eles são diferentes, aumentam os impostos; nós queremos reduzir os impostos. Nós queremos privatizar, abrir a economia”, disse.

“Mas tem social democrata que também convergiu para essa receita mais moderna. Eu sempre defendi isso por mais de 30, 40 anos. A social-democracia foi para outro lado, mas foi aprendendo com os erros e acabaram vindo para a nossa direção. Da mesma forma, os liberais-democratas perceberam que os problemas sociais são importantes. Foi um aprendizado. Acho que essa polarização que existe hoje não ajuda muito não, pelo contrário. A gente precisa ter um pouco de tranquilidade”, completou.