O ex-governador baiano e ex-ministro-chefe do gabinete da Presidência, Jaques Wagner, adquiriu em dezembro do ano passado um sítio com tamanho equivalente a 14 Maracanãs.
A propriedade, localizada em Andaraí, na região da Chapada Diamantina, recebeu o nome de “Sítio Felicidade” e custou R$ 538 mil. De acordo com a Revista Época, o imóvel foi comprado em conjunto com a esposa de Wagner, Maria de Fátima Carneiro Mendonça, e o ex-lobista Guilherme Sodré, o Guiga, amigo de longa data e pai de um enteado do ex-governador.
Ainda segundo a revista, o local, antes conhecido como Fazenda Dinamarca, incluía casa com cinco suítes, garagem, piscina e acesso ao Rio Santo Antônio, na Chapada. Segundo o registro do cartório, os compradores desembolsaram pelo imóvel uma entrada de R$ 398 mil e dividiram o restante em parcelas de R$ 14 mil. Wagner recebia R$ 30 mil como ministro.
De acordo com o documento registrado no cartório, o ex-governador e a esposa são proprietários de 76% do sítio – devem pagar por ele cerca de R$ 408 mil -, enquanto a empresa de Guiga detém os outros 24% (cerca de R$ 129 mil).
O antigo dono do imóvel é o prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB). O ex-lobista foi um dos suspeitos de participação nas irregularidades investigadas na Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas. Ele foi apontado como lobista de Dantas, intermediando contatos com políticos.
A operação foi anulada na Justiça. Guiga afirmou que comprou o sítio como representante da empresa MMSS, que tem como um dos sócios o filho dele com a mulher de Wagner. “Eu sou um dos sócios da empresa e um dos sócios é meu filho e enteado do ministro. Essa é a única razão de eu ter uma parte da propriedade. É para meu filho”, disse. O ex-governador baiano negou ser sócio do empresário e também justificou que Guiga adquiriu parte do imóvel para o filho. “Temos relação familiar e compartilhamos o mesmo local com a finalidade de lazer. Ele é pai do meu enteado e adquiriu parte do sítio para o seu filho […] A compra do sítio em Andaraí foi efetuada em 2015, devidamente escriturada em cartório, e lançada no meu Imposto de Renda de 2016”, afirmou. O prefeito Wilson Cardoso disse que Wagner sempre manifestou interesse em comprar um imóvel na Chapada, para utilizá-lo após deixar a chefia do governo estadual.
O gestor contou, ainda, que recebeu os valores em transferência eletrônica. “Ele dizia no palanque que queria um cantinho na Chapada. E sempre tinha muitos prefeitos vendo e todo mundo queria levar o Jaques Wagner para a Chapada. Eu disputei com vários prefeitos”, declarou.