A eleição presidencial é o fator que mais pode influenciar a Lava Jato, afirmou na sexta-feira (27) o juiz Marcelo Bretas, responsável pela operação no Rio de Janeiro, em debate na Casa ÉPOCA & Vogue na Flip 2018. A depender das pessoas que forem indicadas ao Supremo Tribunal Federal, alguns políticos podem se sentir “mais ou menos tranquilos”, disse.
Durante o próximo governo, os ministros do STF Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello terão que se aposentar porque atingirão a idade limite de 75 anos. Sem citar Ciro Gomes, criticou aqueles que querem colocar os juízes “na caixinha”. Em entrevista recente a uma emissora do Maranhão, o candidato do PDT à Presidência da República afirmou ser o único capaz a colocar o Judiciário e o Ministério Público de volta para “suas caixinhas”, restaurando a “autoridade do poder político”.
De acordo com a revista Época, sobre a Lava Jato, Bretas disse que se guia por uma ideia ao julgar: o político condenado por corrupção não pode ter uma segunda chance. “Isso de certa forma contraria meus próprios princípios religiosos. Mas, se ficar provado que ele fez aquilo, acabou. É como se fosse uma pena de morte política.” Bretas enfatizou que não falava no sentido literal, mas sim no figurado. O juiz não deve decidir de acordo com a vontade popular, reconhece Bretas. Mas o Judiciário pode e deve priorizar, em sua opinião, os assuntos que a sociedade elege como os mais importantes. E o combate à corrupção, lembrou o juiz carioca, tem o apoio da grande maioria da população brasileira. Ainda segundo a publicação, Bretas defendeu o instituto da delação premiada. Os políticos que criticam esse instrumento fazem isso não porque seja algo ruim, “mas porque querem se proteger”, disse Bretas.
Para ele, a Lava Jato não chegaria aonde chegou sem a deleção premiada. Como responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, Bretas condenou o ex-governador Sérgio Cabral a prisão e levou à cadeia inúmeros políticos que integraram a cúpula da política fluminense nos últimos anos. Disse ter se arrependido de ter respondido pelo Twitter aos questionamentos por ter entrado na Justiça para garantir o auxílio-moradia dele e da mulher, também juíza. “Sabe quando eu disse que juiz com Twitter tem que ser inteligente? Pois é, eu não fui inteligente. Foi uma bola fora”, afirmou. Bretas disse que o pagamento é legal porque foi definido por lei complementar, mas que não caberia a ele julgar se é adequado ou não à realidade brasileira. Relatou seus cuidados com a segurança. “Eu parto do pressuposto de que eu sou grampeado, de que meus telefones são grampeados. Eu tomo cuidado. Eu não pratico crimes, então não tenho tanto o que ocultar, mas eu e minha família sempre estamos atentos”, diz Bretas.